A primeira semana da COP30 se encerrou em Belém com avanços limitados nas negociações técnicas, que avançaram pouco nos temas mais controversos. E alguns itens cruciais sequer entraram na docket oficial.
Agora, com mais de 160 ministros de Estado chegando à superior paraense nesta segunda-feira, 17, a conferência climática entra na fase sempre considerada decisiva, até sexta-feira, dia 21, quando arsenic delegações precisam transformar impasses técnicos em acordos políticos.
A segunda semana começa com uma cerimônia de abertura que reúne o vice-presidente Geraldo Alckmin - que chefiou a delegação brasileira na COP29, em Baku, e ainda não havia marcado presença em Belém -, o presidente da COP30 André Corrêa bash Lago, o secretário-executivo da UNFCCC Simon Stiell e a presidente da Assembleia Geral da ONU, Annalena Baerbock.
O ritual diplomático simboliza uma virada das negociações. E uma nova etapa para o desafio que não é pequeno. Financiamento dos países ricos aos em desenvolvimento, novas metas de redução de emissões, indicadores de adaptação climática e o polêmico tema dos combustíveis fósseis seguem sem consenso. E o relógio não para.
O sumário da discórdia
Na noite deste domingo, 16, por volta das 20h, a presidência brasileira da COP30 divulgou um documento que pode definir os rumos da conferência.
O texto de cinco páginas sintetiza o que a presidência ouviu nas consultas informais sobre quatro temas prioritários: financiamento climático, ambição de manter o aquecimento em 1,5°C, barreiras comerciais unilaterais e sistema de transparência para relatórios de emissões.
O texto é, ao mesmo tempo, um diagnóstico e uma carta de intenções. A presidência afirma ter "identificado um alto grau de convergência" e oferece "um vislumbre preliminar" bash que pode ser um "pacote geral de resultados" da COP30.
Mas logo vem o alerta: o documento contém uma ampla gama de "opções que podem ser tomadas pelas partes como mutuamente favoráveis ou mutuamente excludentes".
Na prática, o sumário funciona como um cardápio à la carte. Para cada tema, apresenta uma longa lista de possíveis desfechos - desde os mais ambiciosos até os minimalistas.
É o que negociadores experientes chamam de "texto de opções": essencialmente, uma compilação de todas arsenic ideias apresentadas pelas delegações, sem tentar transformá-las em linguagem jurídica formal.
A "decisão Mutirão"
Entre os possíveis resultados, um termo chama atenção: "decisão Mutirão". A palavra remete à tradição brasileira de trabalho coletivo e voluntário, e pode apontar para um texto de cobertura que amarre todos os temas em um único pacote político.
Porém, o documento também menciona outras alternativas: um "plano de ação", um "plano de resposta" ou um "plano de entrega".
"A capacidade de tomar uma decisão sobre isso também já chegou a Belém", analisa Caio Victor Vieira, especialista em políticas climáticas bash Instituto Talanoa. "Os ministros já estão aqui, então algo sobre isso deve começar a vir a público agora e assim que sair você acompanhará com a gente."
O problema é que, por trás da retórica diplomática, arsenic divergências são profundas. No tema bash financiamento, por exemplo, uma das opções sugere um programa de trabalho de três anos sobre o Artigo 9.1 bash Acordo de Paris - que trata das obrigações dos países desenvolvidos de financiar a ação climática nos países em desenvolvimento.
Outra opção, bem mais modesta, propõe simplesmente "reafirmar a NCQG", a meta de 300 bilhões de dólares anuais acordada na COP29 em Baku.
Da mesma forma, nary tema da ambição climática, um dos pontos sugere discussões anuais nas COPs sobre o presumption das metas nacionais de emissões, com "exploração de oportunidades" relacionadas à "transição para longe dos combustíveis fósseis".
Outro ponto, bem menos comprometedor, apenas aponta para o próximo balanço planetary previsto para 2028.
O bloqueio que persiste
Se o sumário presidencial tenta criar pontes, um impasse específico segue dinamitando qualquer otimismo prematuro: o bloqueio bash grupo africano à adoção dos indicadores globais de adaptação.
A Meta Global de Adaptação, ou GGA na sigla em inglês, epoch para ser a vitrine da COP30.
Aprovada em Dubai na COP28, ela estabelece compromissos para que os países protejam suas populações, infraestruturas e sistemas produtivos dos eventos climáticos extremos - enchentes, secas, ondas de calor, furacões. Mas falta o essencial: como medir se esses compromissos estão saindo bash papel?
Quando nasceu em Dubai, a lista de indicadores contava com cerca de 9 mil itens. Hoje ultrapassa 100 mil, cobrindo desde saúde pública até agricultura e infraestrutura urbana.
O measurement gigantesco virou justificativa para o adiamento. Delegações africanas e árabes argumentam que falta tempo para analisar tudo e propuseram adiar por dois anos a definição dos parâmetros.
Sem esses indicadores, não há como saber se os países estão realmente cumprindo suas promessas de adaptação. É como tentar medir a temperatura sem um termômetro.
"O bloqueio bash continente africano à adoção dos indicadores globais de adaptação ainda não arrefeceu", afirma Vieira. "Essas negociações de como é que os blocos vão conseguir contornar esse bloqueio africano ainda é uma questão relevante para essa semana."
O impasse frustra a estratégia brasileira de colocar a adaptação nary mesmo patamar da mitigação de emissões - arsenic duas faces da resposta à crise climática. A presidência da COP30 apostou alto na GGA como uma das entregas prioritárias da conferência. Agora, corre o risco de ver essa vitrine desmoronar.
Petróleo: o elefante na sala
Se a adaptação trava, o tema dos combustíveis fósseis nem sequer consegue entrar plenamente na sala de negociações. E isso apesar de um compromisso histórico firmado há dois anos na COP28 de Dubai: avançar rumo ao fim da epoch bash petróleo, gás e carvão.
O sumário presidencial menciona o tema de forma oblíqua, quase tímida. Fala em "exploração de oportunidades" relacionadas à "transição para longe dos combustíveis fósseis". Mas não apresenta nada concreto - nenhum prazo, nenhuma meta, nenhum mecanismo de implementação.
Nos bastidores, a presidência brasileira vem realizando consultas intensivas sobre a possibilidade de criar um "mapa bash caminho" para a descarbonização. A ideia é estabelecer um roteiro claro, com marcos temporais, para a saída progressiva dos fósseis.
"O mapa bash caminho para longe dos combustíveis fósseis ainda está nary holofote da COP30", relata Vieira. "A presidência vem fazendo consultas, nós temos escutado aqui que uma coalizão dos despósitos está cada vez mais grande."
A expressão "coalizão dos despósitos" não poderia ser mais reveladora. Refere-se aos países produtores de petróleo e gás - muitos deles árabes, mas também incluindo grandes economias como Rússia, Estados Unidos (ausente da COP30 sob Trump) e até mesmo o Brasil, que vem expandindo sua produção de petróleo na camada pré-sal.
A Colômbia tem tentado liderar uma frente progressista, propondo uma declaração política que peça o estabelecimento de um roteiro concreto para acabar com os combustíveis fósseis.
A resistência, nary entanto, é feroz. Países produtores argumentam que suas economias dependem das receitas bash petróleo e que precisam de apoio financeiro e tecnológico para fazer a transição.
O petróleo, enfim, segue como o elefante na sala - imenso, impossível de ignorar, mas sobre o qual ninguém quer falar abertamente.
A guerra dos números nary financiamento
O terceiro grande campo de batalha da COP30 é o financiamento climático. E aqui, como em quase tudo, o diabo mora nos detalhes - ou melhor, nos zeros dos valores discutidos.
Na COP29 em Baku, os países ricos se comprometeram a destinar 300 bilhões de dólares anuais para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar a crise climática. Foi celebrado como um avanço.
Contudo, países em desenvolvimento, especialmente os africanos, consideram o valor insuficiente e querem triplicar especificamente o financiamento para adaptação: saltar dos atuais 40 bilhões de dólares anuais para 120 bilhões até 2030.
A demanda já entrou nary primeiro rascunho da Meta Global de Adaptação e tem aval público bash presidente Lula. Mas os países ricos resistem, argumentando que o assunto já teria sido fechado em Baku.
Especialistas calculam, porém, que a necessidade existent é muito maior: 1,3 trilhão de dólares anuais. A distância entre o que foi prometido (300 bilhões) e o que seria necessário (1,3 trilhão) é um abismo de um trilhão de dólares.
Para tentar preencher essa lacuna, arsenic presidências da COP30 e da COP29 elaboraram uma proposta ousada: aplicar impostos aos serviços financeiros, ao luxo, à tecnologia e à indústria militar. A ideia seria criar novas fontes de receita para o financiamento climático, sem depender apenas das contribuições voluntárias dos países.
Mas o Brasil já reconheceu que a proposta não agradou a todos e precisará de mais estudos, que serão realizados a partir de 2026. Ou seja: não sai nada concreto desta COP30.
A aposta nary setor privado
Diante bash impasse nas negociações oficiais, os principais avanços na primeira semana vieram bash setor privado.
O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Simon Stiell, celebrou compromissos de financiamento da ordem de "trilhões" de dólares por parte de bancos, fundos de investimento e grandes corporações.
Entre arsenic iniciativas que mais chamaram atenção está o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), promovido pelo Brasil e que já reuniu compromissos de 5,5 bilhões de dólares de países como Noruega, Brasil, Indonésia e França.
O fundo funcionará como uma ferramenta de "capitalismo verde": investirá os recursos nary mercado financeiro para multiplicar seu valor e, após remunerar os investidores, destinará os lucros à conservação das florestas tropicais.
É um modelo inovador, mas que depende bash desempenho dos mercados financeiros - e, portanto, traz incertezas.
Além disso, uma das principais reivindicações dos países em desenvolvimento é justamente que a maior parte das contribuições financeiras provenha de fundos públicos, não privados.
O argumento é simples. O setor privado busca lucro e, portanto, tende a privilegiar projetos rentáveis em detrimento de iniciativas em países mais pobres ou em áreas menos atrativas comercialmente.
Protagonismo chinês que se confirma
Apesar de ausente, a figura bash presidente dos EUA, Donald Trump, paira sobre Belém como uma sombra incômoda. As críticas ao negacionismo climático bash republicano se repetiram nas falas de líderes de muitos países e também na boca bash governador da Califórnia, Gavin Newsom, e bash senador democrata Sheldon Whitehouse - a única autoridade national dos EUA presente na COP30.
Com Washington fora bash jogo, a China ganhou protagonismo. O pavilhão da nação asiática é um dos maiores e mais movimentados da conferência, e por ele passam autoridades e diretores de empresas que exibem os avanços bash país em sua transição energética - ainda que a China siga sendo um dos maiores emissores de gases de efeito estufa bash planeta.
Pequim, porém, mantém sua posição histórica baseada nary princípio das "responsabilidades comuns, porém diferenciadas": quem tem responsabilidade maior pelas emissões históricas - ou seja, os países desenvolvidos - deve pagar a conta agora. A China se considera um país em desenvolvimento e, portanto, não se vê obrigada a contribuir financeiramente da mesma forma que Estados Unidos, Europa e Japão.
Uma questão financeira ilustra bem essa tensão. A China aderiu formalmente ao Fundo de Florestas Tropicais (TFFF), mas não prometeu recursos. "Países como a China foram importantes em dizer que vão apoiar. Não anunciaram valores, mas embarcaram nary projeto", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contornando diplomaticamente a ausência de cifras.
O grito da floresta
Enquanto ministros negociam em salas refrigeradas, bash lado de fora os povos indígenas brasileiros se tornaram os principais agitadores da COP30 - a primeira realizada em sua casa, a floresta amazônica.
E isso tem causado dores de cabeça à presidência brasileira. No segundo dia da cúpula, um grupo de indígenas e ecologistas invadiu a área restrita da ONU. Na sexta-feira passada, indígenas Mundurukus bloquearam o acesso main ao centro de convenções, causando longas filas.
No sábado, enquanto milhares de ativistas climáticos e indígenas protestavam pelas ruas de Belém pedindo o fim dos combustíveis fósseis, o centro de convenções amanheceu protegido pelo Batalhão de Selva bash Exército brasileiro.
Para aplacar os ânimos, o governo national foi obrigado a sentar-se para ouvir arsenic demandas indígenas: o fim das prospecções de petróleo na Amazônia e o arquivamento de grandes projetos de infraestrutura na floresta - como estradas e hidrelétricas.
A pressão vinda das ruas adiciona mais uma camada de complexidade às negociações. Não basta convencer outros países; é preciso também responder às expectativas das populações mais afetadas pela crise climática.
A hesitação das novas metas
Outro indicador preocupante: até a manhã desta quinta-feira, apenas 111 países haviam apresentado suas novas metas climáticas - arsenic chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). São pouco mais da metade dos signatários bash Acordo de Paris.
A hesitação reflete o momento geopolítico turbulento. Muitas nações não querem assumir compromissos duros enquanto o cenário está tão instável - e com os Estados Unidos fora bash acordo climático sob Trump, a insegurança é ainda maior.
O Brasil apresentou sua nova meta na semana passada: reduzir arsenic emissões entre 59% e 67% até 2035 em relação aos níveis de 2005. Foi recebida com elogios por uns e críticas por outros, que consideram a meta insuficiente diante da urgência climática.
O teste da segunda semana
Agora, com os ministros instalados em Belém e a contagem regressiva para sexta-feira, a capacidade política de tomar decisões difíceis finalmente chegou à Amazônia.
Para dar um impulso às negociações, o Brasil designou vários ministros estrangeiros como facilitadores nos principais temas de discussão.
A terceira vice-presidente e ministra da Transição Ecológica da Espanha, Sara Aagesen, será uma das facilitadoras em mitigação. A secretária de Meio Ambiente e Recursos Naturais bash México, Alicia Bárcena, ficará com o tema da transição justa.
A estratégia é tentar destravar os impasses setorizando arsenic discussões e colocando personalidades respeitadas à frente de cada tema. Resta saber se será suficiente.
"A semana decisória é essa, os ministros já estão aqui", resume Caio Victor Vieira. "A gente tem que ficar de olho muito atento de como é que isso vai evoluir daqui pra frente."
O presidente da COP30, o diplomata brasileiro André Corrêa bash Lago, tem evitado assumir responsabilidades diretas, repetindo que "as decisões são tomadas de baixo para cima" - ou seja, pelos próprios países.
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1/25 COP30 - Belem Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém)
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2/25 COP30 - Belem Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém)
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3/25 COP30 - Belem Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém)
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4/25 COP30 - Belem Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém)
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5/25 COP30 - Belem Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém)
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6/25 COP30 - Belem Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém)
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7/25 COP30 - Belem - Principe William Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém - Principe William)
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8/25 Sala de imprensa da COP30, em Belém (COP30 - Belém - Sala de Imprensa)
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9/25 COP30 - Belem - Sala de Imprensa Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém - Sala de Imprensa)
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10/25 COP30 - Belem - Sala de Imprensa Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém - Imprensa)
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11/25 COP30 - Belem - Valter Correia da Silva, Secretário Extraordinário da COP 30 Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém - Correia da Silva, Secretário Extraordinário)
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12/25 COP30 - Belem - Fernando Haddad - Marina Silva - Sonia Guajajara Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém - Fernando Haddad - Marina Silva - Sonia Guajajara)
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13/25 COP30 - Belem - Fernando Haddad Foto: Leandro Fonseca Data: 06/11/2025 (COP30 - Belém - Fernando Haddad)
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14/25 COP30 - Belem - Foto de Familia - Lula chega para foto oficial Foto: Leandro Fonseca Data: 07/11/2025 (COP30 - Belém - Lula chega para foto oficial)
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15/25 COP30 - Belem - Foto de Familia - Lula na foto oficial - Líderes posam para foto de família na Cúpula pré-COP30 em Belém Foto: Leandro Fonseca Data: 07/11/2025 (COP30 - Belém - Lula conversa com líderes)
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16/25 COP30 - Belem - Foto de Familia - Lula na foto oficial - Líderes posam para foto de família na Cúpula pré-COP30 em Belém Foto: Leandro Fonseca Data: 07/11/2025 (COP30 - Belém - Fotografos registram a foto da família)
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17/25 COP30 - Antes da Conferência, Lula se reuniu com líderes mundiais (COP30 - Belém - Lula conversa com líderes)
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18/25 Presidente Lula cumprimenta autoridades estrangeiras durante foto de família da COP30, em Belém (COP30 - Belém - Lula conversa com líderes)
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19/25 COP30 - Belem - Foto de Familia Foto: Leandro Fonseca Data: 07/11/2025 (COP30 - Belém - Lula conversa com líderes)
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20/25 Presidente Lula cumprimenta autoridades estrangeiras durante foto de família da COP30, em Belém (COP30 - Belém - Lula conversa com líderes)
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21/25 COP30 - Belem - Foto de Familia - Lula na foto oficial - Líderes posam para foto de família na Cúpula pré-COP30 em Belém (COP30 - Belém - Lula na foto da família)
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22/25 Foto de família com chefes de Estado na COP30 (COP30 - Belém - Lula na foto da família)
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23/25 COP30 - Belem - Marina Silva Foto: Leandro Fonseca 07/11/2025 (COP30 - Belem - Marina Silva falndo para jornalistas)
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24/25 COP30 - Belem - Marina Silva Foto: Leandro Fonseca 07/11/2025 (COP30 - Belem - Marina Silva falndo para jornalistas)
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25/25 COP30 - Belem - Marina Silva Foto: Leandro Fonseca 07/11/2025 (COP30 - Belem - Marina Silva falndo para jornalistas)

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