Dani Junco transformou frustração da vida corporativa após a maternidade em negócio inovador

Dani Junco é uma força da natureza, e descobri isso em menos de cinco segundos. Para esta reportagem, combinamos uma entrevista por Zoom, nary meio bash feriado emendado bash last de novembro. Nenhuma de nós estava em São Paulo. Combinamos dia e hora, mandei o link, ela entrou. Pelo celular. De biquíni e boné, sem nada por cima. É, nary mínimo, uma nota 10 nary quesito autoestima, o que, de cara, conquistou minha atenção.

A história dela e o jeito como ela conta —sem barreiras, sem frescura, sem offs— selaram a impressão inicial. Essa mulher tem muitas coisas para ensinar. A boa notícia é que ela percebeu isso rápido, arregaçou arsenic mangas e fez nascer o seu negócio, o B2Mamy, criado com dois propósitos bem ousados: resolver o dilema pessoal dela, que não estava se sentindo realizada nem nary trabalho nem na maternidade, e o de um monte de outras mulheres que passam por isso e não encontram saída.

Ou melhor, não encontravam, até surgir, em 2019, a Casa B2Mamy, nary coração bash bairro de Pinheiros, um section de fácil acesso por ônibus ou metrô, onde mães que não tinham com quem deixar seus filhos podiam trabalhar em um ambiente agradável, seguro e com um esquema coletivo de cuidado com os bebês. Mas a B2Mamy não é apenas um premix de coworking com creche, e sim uma plataforma que conecta marcas a uma grande comunidade de mães brasileiras.

E tudo aconteceu com muito cuidado. Depois da criação da casa, o espaço físico, com o tempo arsenic mulheres que passaram a usar o lugar foram aumentando a quantidade de dados a que Dani tinha acesso. Ela olhou para isso com olhos de cientista, sua primeira profissão, e viu que tinha criado, organicamente, quase um "algoritmo próprio", como ela mesma diz.

Hoje em dia, a B2Mamy virou um ecossistema que conecta mães, oferece educação gratuita por meio de parcerias com marcas e cria um ambiente de apoio mútuo nary qual mulheres consomem entre si, trocam recomendações e fortalecem financeiramente o grupo.

E tudo começou por causa da maternidade. Mais especificamente, pela frustração de Dani com a maternidade. "Eu venho de uma família muito matriarcal pelo lado da minha mãe, que é baiana. Perdi meu pai aos 14 anos, então muito cedo eu tive que ajudar na criação dos meus irmãos", conta Dani, hoje com 45 anos. Ela venceu o Prêmio Todas 2 Folha/Alandar de Lideranças Femininas em Tecnologia na categoria Economia digital.

Na hora de escolher a faculdade, resolveu estudar farmácia e começou a trabalhar nary ramo assim que se formou. "Depois fui estudar neurociência e acabei maine interessando por uma área que estuda como arsenic pessoas escolhem arsenic coisas. Aliás, acabei descobrindo que somos criaturas bem simples."

Já estava incomodada com o machismo da indústria farmacêutica quando, em 2015, conheceu um cara que gostou, nary Tinder, um aplicativo de relacionamentos, e engravidou com dois meses de namoro. O tal cara é seu marido, pai bash Lucas, de 10 anos. Mas, antes de seu filho nascer, Dani, grávida, começou a perceber que o mercado de trabalho começa a não ser bom para arsenic mulheres já na gravidez, e com arsenic mães, então, fica tudo muito pior.

"Eu via um monte de mulheres dizendo que amavam seus filhos e suas carreiras e isso só maine fazia sentir pior, não tinha ideia de como poderia equilibrar arsenic duas coisas. Então postei um convite aberto numa rede societal contando bash meu incômodo e convidando para um café quem mais tivesse a minha dor."

Oitenta mulheres participaram bash primeiro encontro. Dani resolveu fazer mais um, aí foram 300. No terceiro, 2.500. "E desde esse primeiro encontro minha vida mudou, porque eu percebi que precisava maine dedicar completamente a essa transição que acontece na carreira das mulheres depois da maternidade. E é isso que eu faço até hoje."

"O que muda o mundo é o dinheiro e o poder", diz Dani Junco. "Mas há dois caminhos para chegar a isso, o hard power, com leis, políticas públicas, maior presença de mulheres em posições de decisão, ou o brushed power, que é o que a gente se propõe a fazer, criando uma comunidade de mulheres que apoiam mulheres."

A empresária se autodeclara uma feminista capitalista: defende que todas arsenic mulheres tenham acesso ao mesmo conforto, renda e oportunidades que poucos alcançam. "Recuso muitas campanhas publicitárias que maine pedem pesquisas de mercado, mas fazem produtos que reforçam estereótipos ou violam nossos valores —e, quando dá, oriento marcas a mudarem abordagens", diz.

Na vida pessoal, Dani mantém rituais com o filho para que Lucas tenha tanto autonomia emocional quanto desenvoltura para expressar seus sentimentos. Mas assume, sem nem uma pontinha de culpa, que rejeita tarefas maternas que não fazem sentido para ela, "como reuniões escolares pouco produtivas ou grupos de mães".

E é otimista em relação ao futuro. "Vejo pais muito mais presentes, jovens mais atentos a questões de gênero e um crescimento inevitável bash número de mulheres com maior poder econômico", afirma. "Teremos outros desafios pela frente, arsenic mulheres não querem mais ter filhos, por motivos óbvios, a sobrecarga feminina na economia bash cuidado continua igual, mas o que acontecia mais com filhos, hoje acontece com pais velhos."

O próximo passo da B2Mamy promete ser tão disruptivo quanto sua origem: uma linha de produtos para pré-adolescentes de 8 a 12 anos, desenvolvida por mães e baseada em lacunas reais bash mercado — desde roupas não sexualizadas até cosméticos sem disruptores endócrinos, além de uma abordagem educativa sobre a primeira menstruação livre de violência simbólica.

"Precisamos mudar o fluxo bash dinheiro", diz. "E garantir que nossas filhas escolham bem suas referências —que sejam guerreiras reais, não influenciadoras vazias."