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Dólar já caiu mais de 8% neste ano, mas queda tem prazo para acabar

Se a maior economia emergente do mundo [China] trava o comércio global, o dólar, que hoje reina absoluto, pode começar a perder sua coroa -- devagar, mas de forma duradoura.
Márcio Holland, professor da FGV e autor do livro "Taxa de Câmbio no Brasil"

O mercado precisa de segurança para funcionar bem. Investidores e empresas tomam decisões — como onde colocar seu dinheiro ou se vão ampliar seus negócios — com base no que esperam do futuro. Quando há incerteza sobre a política econômica, as pessoas ficam com medo de perder dinheiro. Isso faz muitos investidores tirarem seus recursos do país ou evitarem novos investimentos. Com menos dinheiro entrando nos EUA, o dólar se desvaloriza, ou seja, fica mais barato.

A longo prazo, o resultado da política de Trump será mais claro. "Esse experimento ímpar você só consegue avaliar 10 anos depois", diz o professor da FGV e autor do livro "Taxa de Câmbio no Brasil" Márcio Holland. "Enquanto essa incerteza persistir, devemos observar o dólar se enfraquecer", completa André Valério, economista sênior do Banco Inter.

O presidente americano Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping no Japão em 2019
O presidente americano Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping no Japão em 2019 Imagem: Kevin Lamarque/Reuters

Não há substitutos diretos para o dólar, o que pode beneficiar os EUA. O futuro do dólar enquanto moeda de reserva de valor internacional não deve se alterar, de acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem. Em grande parte, porque não há alternativas boas o suficiente. "A China manipula sua taxa de câmbio e impõe restrições de movimentação de capital. A Europa tem problemas estruturais de crescimento e demografia que colocam em dúvida o dinamismo da região", diz Valério.

Alguns fatores podem conter ou até reverter a desvalorização do dólar no médio e longo prazo. Um deles é a possibilidade de o Fed (Federal Reserve), banco central dos Estados Unidos, elevar as taxas de juros para conter a inflação causada pelas tarifas. Juros mais altos tendem a atrair investidores estrangeiros em busca de maior rentabilidade, o que aumenta a demanda por dólares e fortalece a moeda, explica Marcos Weigt, diretor da tesouraria do Travelex Bank, banco especializado em câmbio. Além disso, uma eventual mudança na política comercial do governo Trump, com a retirada ou moderação das tarifas sobre produtos importados — especialmente os da China —, também pode aliviar pressões inflacionárias e melhorar a confiança do mercado, favorecendo a valorização do dólar.

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