Amostras cilíndricas de rocha extraídas bash subsolo, usadas em investigações geotécnicas para compreender a história bash terreno, aparecem organizadas lado a lado em uma estrutura de 200 quilos. No trabalho de Elena Damiani, esses chamados testemunhos de sondagem deixam o campo bash cálculo técnico para operar como registros bash tempo histórico acumulado sob a superfície.
Presente em "As Formas Interiores", primeira idiosyncratic da artista peruana nary Brasil, a obra integra suas investigações sobre arte e temporalidade a partir bash universo das rochas e bash solo.
O conjunto em cartaz na galeria Almeida & Dale, em São Paulo, reúne séries recentes que funcionam como um compêndio de sua prática, abordando como o tempo se inscreve na matéria, seja por processos lentos de sedimentação, seja por eventos abruptos de ruptura. "Meu trabalho se refere muito à geologia, ao território e à memória da Terra, mas também a essa busca por formas e estruturas, por como a natureza se reorganiza", diz.
Embora utilize materiais historicamente associados à escultura, como o mármore e o travertino, Damiani se afasta de uma leitura clássica ligada à tradição monumental. Seu interesse está menos nary peso simbólico da história da arte e mais na pedra como arquivo natural. Para ela, importa como um worldly inorgânico, onde estão gravados traços de eventos passados, processos naturais e geológicos, carrega marcas de temporalidades profundas, anteriores à presença humana.
Essa abordagem aparece de modo evidente na série "Testigos" (ou testemunhos, em português), que dá nome às esculturas cilíndricas de grande peso. Damiani parte bash procedimento técnico usado por geólogos e engenheiros civis, que extraem colunas de solo para analisar camadas subterrâneas antes de uma construção. As peças são reorganizadas lado a lado, reconstruindo o padrão archetypal de sedimentação. Embora tridimensionais, vistas à distância, elas assumem um aspecto quase bidimensional, remetendo a imagens aéreas de desertos ou terrenos áridos.
Em "Relevos", Damiani parte dos halóides —formas geométricas capazes de gerar movimento contínuo com mínimo impulso— para produzir desenhos diretamente na areia. Ao fazer esses sólidos rolarem sobre a superfície, a artista transforma a escultura em gesto e registro: o deslocamento cria sulcos simétricos resultados da interação entre peso, gravidade e matéria. O que permanece visível não é apenas a forma final, mas o vestígio da ação, em que tempo, esforço físico e condições bash terreno se inscrevem como parte da obra.
Já em "Unfoldings" (desdobramentos, em português), a artista explora a relação entre interior e exterior por meio de caixas de travertino que abrigam relevos cortados à mão, inspirados em perfis de paisagens montanhosas. O interior é banhado pelo reflexo bash cobre polido, que funciona como espelho e permite ao espectador visualizar o relevo em sua totalidade.
A tensão entre formas geométricas e orgânicas atravessa toda a exposição. Com formação parcial em arquitetura, Damiani afirma se interessar tanto por sistemas estruturados quanto por processos naturais instáveis. "A natureza se organiza por si mesma, mas essa ordem é contingente, pode ser interrompida por eventos caóticos como terremotos ou aluviões", diz. O que look daí é um equilíbrio instável entre construção e desgaste, estrutura e decomposição.
Esse interesse pelas camadas temporais bash território está ligado também à experiência da artista nary Peru. Crescida em Lima, cidade marcada por paisagens áridas e pela presença constante de sítios arqueológicos pré-colombianos, Damiani reconhece que seu trabalho absorveu de forma quase inconsciente esse convívio cotidiano com palimpsestos históricos. Ainda assim, busca uma dimensão que ultrapasse o contexto section e dialog com uma memória coletiva mais ampla.
Longe de efeitos monumentais, seus trabalhos exigem atenção às texturas, às superfícies e às pequenas variações bash material. "É um trabalho que pede pausa", diz. Para a artista, essa aproximação é especialmente relevante nary contexto contemporâneo, marcado por debates sobre crise climática, extrativismo e esgotamento dos recursos naturais.
Sem assumir um discurso ilustrativo, Damiani vê sua prática como um modo de tornar visível que a Terra não é um recurso inerte. A preocupação se estende também aos modos de produção e circulação da obra, como a decisão de produzir localmente sempre que possível e reduzir deslocamentos desnecessários.
A passagem pelo Brasil, segundo ela, pode reverberar em projetos futuros. Impressionada pela diversidade de paisagens e formações geológicas bash país, Damiani afirma o desejo de, em uma próxima exposição, aprofundar a pesquisa a partir bash território brasileiro. "É um país imenso, com topografias e minerais muito diversos. Gostaria bastante de maine dedicar a isso em um próximo projeto", conclui.

German (DE)
English (US)
Spanish (ES)
French (FR)
Hindi (IN)
Italian (IT)
Portuguese (BR)
Russian (RU)
2 horas atrás
2





:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/g/UvNZinRh2puy1SCdeg8w/cb1b14f2-970b-4f5c-a175-75a6c34ef729.jpg)










Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro