Com o aumento exponencial do incentivo a hábitos de consumo surgiram também novas formas de produção, entre elas a fast fashion, “moda rápida” em tradução livre. Com isso, é comum que surjam cada vez mais marcas de roupas que trabalhem a partir desse método, que se trata da produção rápida, às vezes mais rápida do que é capaz de vender, a partir da criação de tendências passageiras, em grande escala e por valores baixos. Com o termo “valores baixos” podendo ser interpretado de duas maneiras: preços pequenos e valores éticos tão reduzidos quanto.
No dia internacional do Lixo Zero de 2025 (30 de março) a Organização das Nações Unidas (ONU) fez questão de destacar os impactos da indústria fast fashion no meio ambiente. Para isso, a pesquisadora Lívia Humaire, da Universidade de Coimbra, em entrevista para a ONU, explicou que essa indústria é prejudicial não apenas para a natureza, mas também no aspecto social. Isso porque além de poluir através da quantidade exorbitante de resíduos, as fábricas que seguem esse sistema normalmente não respeitam as leis trabalhistas ou se posicionam em locais estratégicos nos quais essas leis são poucas ou inexistentes.
Fast Fashion: como a moda impacta o meio ambiente e as dinâmicas sociais (Imagem ilustrativa) — Foto: Reprodução/Pexels A fast fashion explora a criação de tendências como forma de vender mais peças de roupas, o que faz com que não apenas mais roupas sejam fabricadas, mas que também sejam jogadas fora em um curto período de tempo. Por conta disso, são produzidas aproximadamente 170 toneladas de lixo provenientes dos resíduos têxteis por ano, apenas no Brasil, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio a Microempresas (Sebrae).
Em outros locais, como no Chile, em parte do deserto do Atacama, existem montanhas de descarte de roupas vindas dos Estados Unidos e da Europa. De acordo com a ONU, o consumo de roupas por pessoa já é aproximadamente 60% maior do que era a 15 anos atrás, além disso, as peças são utilizadas pela metade do período de tempo que eram antigamente.
Lixão de roupas no deserto do Atacama, no Chile — Foto: Foto: Nicolás Vargas/BBC Além do impacto residual, a indústria da moda também é responsável por 20% do desperdício de água global. Por exemplo, apenas um par de jeans precisa de 2.000 galões de água para ser produzido. Sem contar o impacto na camada de ozônio, já que a produção de vestuário é responsável por 8% da emissão de gases potencializadores do efeito estufa, segundo dados da Organização das Nações Unidas.
Ainda vale mencionar que tecidos sintéticos, como poliéster e náilon, espalham bilhões de partículas de microplásticos, na lavagem ou no descarte incorreto. Além de demorarem centenas de anos para se decompor. De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), cerca de 35% de todos os microplásticos no oceano são provenientes desses tecidos.
A mão de obra responsável pela produção dessas peças é terceirizada e normalmente em fábricas localizadas em países nos quais as leis trabalhistas são escassas, como Tailândia, Vietnã, entre outros países, majoritariamente países asiáticos, para que seja possível baratear a produção por meio da utilização de mão de obra barata. Em muitos casos, é comum até que essas fábricas não respeitem os direitos humanos, já que em algumas o trabalho pode ser considerado escravo.
Um exemplo disso, ocorreu com a Nike entre 2003 e 2004, quando foi descoberto que de 25 a 50% das fábricas que produziam para a marca privavam seus funcionários de ir ao banheiro ou de beber água potável durante o expediente, além de mais da metade exigir que os funcionários trabalhassem mais de 60 horas semanais, conforme veiculado na época pelo jornal The Guardian. Outras fast fashion, como a Shein, são constantemente cobradas sobre sua cadeia de suprimentos, mas preferem não comentar sobre, o que também levanta fortes suspeitas sobre as condições de trabalho dos locais.
Mudanças de comportamento
Segundo a especialista em sustentabilidade do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Garrett Clark, devido a escala do problema uma das únicas forma de diminuir o impacto dessas indústrias pode ser diminuir o consumo, já que, após implementado esse sistema, dificilmente as marcas diminuiriam a produção por conta própria, apenas se sentirem algum prejuízo monetário. Por conta disso, ela esclarece que a solução estaria em mudar o comportamento e buscar consumir menos, não seguindo as tendências momentâneas ou adaptando as roupas que já estão no guarda-roupa, para que elas tenham uma vida útil maior.
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