O uso de propano pela Braskem no Polo de Triunfo, alternando com a nafta, é visto como mais do que uma simples estratégia comercial por parte da empresa, é considerado como uma ação que pode evitar a interrupção das atividades do complexo. A companhia busca através dessa flexibilidade aumentar a sua competitividade em meio a sobreoferta global de insumos petroquímicos, que tem provocado a ociosidade de unidades do setor no Brasil.
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O uso de propano pela Braskem no Polo de Triunfo, alternando com a nafta, é visto como mais do que uma simples estratégia comercial por parte da empresa, é considerado como uma ação que pode evitar a interrupção das atividades do complexo. A companhia busca através dessa flexibilidade aumentar a sua competitividade em meio a sobreoferta global de insumos petroquímicos, que tem provocado a ociosidade de unidades do setor no Brasil.
No balanço financeiro da Braskem do terceiro trimestre deste ano, no qual o grupo registrou um prejuízo de R$ 26 milhões, a empresa informou uma taxa de utilização das suas plantas no País de apenas 65%. Na apresentação dos executivos da companhia, também foi ressaltado que será dada prioridade para as unidades mais competitivas da empresa, admitindo a “possível hibernação das menos eficientes”.
“Se isso (um índice de ociosidade tão alto) acontecesse nos Estados Unidos, na Europa, o dono (das unidades) possivelmente diria: vamos parar alguma dessas plantas”, afirma o diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado, João Luiz Zuñeda. Hoje, o consultor acredita que o Polo de Camaçari, na Bahia, correria um risco maior de parada. “Mas, o Rio Grande do Sul tem essa possibilidade. Eu acho que tanto o governo baiano como o gaúcho têm que se preocupar com isso”, assinala o diretor da MaxiQuim.
No primeiro semestre deste ano, o presidente da Braskem, Roberto Ramos, já adiantava a possibilidade de usar propano (uma matéria-prima mais barata) do que a tradicional nafta para diminuir o custo de produção de algumas resinas. E, nesta semana, o executivo revelou que um dos fornos da central petroquímica gaúcha já está funcionando com gás proveniente da Argentina, do reservatório de Vaca Muerta.
Essa flexibilização de aproveitamento de matérias-primas torna a operação em Triunfo mais versátil. Porém, também há diferenças. Zuñeda explica que há uma cadeia de produtos mais longa que pode ser alcançada ao processar nafta. Por exemplo, o butadieno, usado na produção de borracha sintética, que é fabricado em Triunfo pela Braskem, é oriundo da nafta e não poderia ser feito a partir do propano. Contudo, com ambos os insumos é possível chegar a resinas termoplásticas como o polipropileno e o polietileno.
Um dos principais clientes do butadieno é outra empresa que possui planta no polo gaúcho: a Arlanxeo. O diretor da MaxiQuim enfatiza que a capacidade de produção local de butadieno é suficiente para atender à demanda dessa companhia e ainda exportar. “Então, mesmo que a Braskem consuma mais gás e menos nafta, não deverá faltar butadieno”, prevê Zuñeda.
Outra diferença das matérias-primas é que a nafta provém do processamento do petróleo, chegando em Triunfo principalmente pela monoboia que fica em Tramandaí. Já o propano que está sendo atualmente utilizado no complexo gaúcho vem do gás de folhelho (também chamado gás de xisto) oriundo do reservatório argentino de Vaca Muerta. Essa matéria-prima chega à Braskem transportada por navios, pela hidrovia.
Zuñeda recorda que essa jazida, localizada nas províncias de Neuquén e Mendoza, é uma das maiores do mundo e tem como vantagem a proximidade com o Rio Grande do Sul. O consultor considera que, nesse primeiro momento, o mais fácil é trazer esse gás por embarcações, na forma liquefeita, mas mais adiante o ideal seria a construção de um gasoduto.
Sobre o cenário futuro, o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Alfredo Schmitt, diz que a perspectiva é que se verifique uma sobreoferta de resinas termoplásticas no mundo até 2030. Quando ocorre contextos como esse, o dirigente argumenta que as companhias internacionais baixam seus preços para vender seus produtos nos mais diversos mercados globais. “E nessa situação a Braskem, como qualquer outra empresa, precisa ter uma competitividade de matéria-prima”, ressalta o representante do Sinplast-RS.
O dirigente defende que a petroquímica brasileira busque opções mais acessíveis de matérias-primas. Assim, a solução de usar gás ou nafta para alimentar o Polo de Triunfo é vista como excelente por Schmitt. “É muito importante o Brasil ter uma cadeia produtiva do plástico, petroquímica e transformação, fortes”, finaliza.
Manutenção da hidrovia é considerada essencial para sucesso da operação
Para a solução do gás argentino funcionar perfeitamente no Polo de Triunfo, o presidente do Sinplast-RS, Alfredo Schmitt, reforça que é preciso ter uma condição logística adequada. No momento, ele crê que a escolha pela hidrovia parece ser a melhor opção e destaca que o modal necessita ser preservado.
Durante a II Jornada da Mentalidade Marítima – Infraestrutura Aquaviária, realizada no começo deste mês, em Porto Alegre, o gerente de Relações Institucionais da Braskem, Daniel Fleischer, destacou a importância estratégica da hidrovia que conecta o terminal Santa Clara, no Polo de Triunfo, com o porto do Rio Grande, onde a empresa tem um terminal. “Qualquer incidência, qualquer problema que tivermos ao longo desses 400 quilômetros de navegação, poderá impactar em alguma situação indesejável, como a parada do polo petroquímico”, adverte o dirigente.
Fleischer reforça que o complexo foi planejado e construído já pensando na utilização do modal aquaviário. Ele lembra que o terminal Santa Clara, que tem sete quilômetros de extensão, fica situado no Rio Jacuí, que desemboca na Lagoa dos Patos, conectando-se a Rio Grande.
O gerente de Relações Institucionais salienta que a indústria petroquímica nacional passa por um momento delicado, de sobrevivência do negócio, devido à concorrência internacional. “Esses produtos vêm aqui para o Brasil afetando drasticamente o mercado, os empregos, a balança comercial e a arrecadação de tributos estaduais e federais”, enfatiza.
Isso, aponta Fleischer, explica a busca da Braskem por novas alternativas de matérias-primas mais baratas, para ter mais competitividade com seus produtos. Ele acrescenta que a Argentina quer melhorar a sua própria economia colocando o gás de Vaca Muerta no mercado brasileiro.
“Então, temos uma grande oportunidade para desenvolver diversas cadeias industriais, em especial, a petroquímica do Rio Grande do Sul. Mas, precisa de uma atenção especial para que a hidrovia seja cada vez mais utilizada com eficiência, com uma dragagem constante e sistemática para que se possa ter confiabilidade no transporte de matérias-primas”, assinala o integrante
Fórum dos Comitês de Fomento é criado para fortalecer a indústria química nacional
Foi realizada na quinta-feira (13), na sede da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a cerimônia de lançamento do Fórum de Comitês de Fomento à Indústria Química — iniciativa que consolida um espaço permanente de diálogo e cooperação entre os principais polos petroquímicos do País. Conforme nota da Abiquim, o evento também marcou a assinatura da Carta Conjunta dos Comitês de Fomento à Indústria Química, documento que estabelece princípios e compromissos voltados ao fortalecimento e ao desenvolvimento sustentável do setor.
O texto firmado estabelece uma agenda colaborativa e de longo prazo, com metas voltadas à integração entre os polos, promoção da inovação, segurança operacional, descarbonização e formação de pessoas. O documento também reforça o compromisso com práticas éticas e transparentes, estabelecendo tolerância zero a qualquer tipo de corrupção ou suborno.

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