No ano passado, os indígenas xukurus bash Ororubá plantaram 50 mil mudas nativas da caatinga em seu território de 27 mil hectares na cidade de Pesqueira (PE).
O nome xukuru vem bash pássaro uru, e o ororubá, da árvore ubá. Ou seja, o povo que ocupa a serra bash Ororubá é o povo árvore-passarinho, explica o prof e agrônomo Iran Xukuru.
Por isso, quando tiveram a terra homologada em 2001, depois de um longo processo de demarcação, eles decidiram recuperar a mata degradada por queimadas, desmatamento e agrotóxicos durante a ocupação de latifundiários.
"Fomos observando quando a terra estava nua e esbranquiçada, que é aquela terra doente, precisando de cuidado", diz Bela Xukuru. Ao contrário bash imaginário comum sobre a caatinga, que carrega nary nome a versão tupi para "mata branca", o território tem uma mata verde e abundante fora bash período de seca, como o evento Caatinga Climate Week mostrou a visitantes nary começo deste mês.
A prática de regenerar áreas degradadas se espalha por todo o território, que reúne cerca de 12 mil pessoas distribuídas em 24 aldeias.
Dessas, nary mínimo 20 pessoas bash coletivo Jupago aparecem diariamente na sede bash território para colher sementes e catalogá-las, cultivar mudas nary viveiro ou nas hortas, e cuidar das áreas de restauração. Depois, distribuem arsenic mudas nas aldeias e incentivam o reflorestamento.
O trabalho é contínuo. Apoiados por editais, nos últimos anos os xukurus passaram a usar um aplicativo que acompanha cada muda plantada a partir de uma pulseira de identificação. O sistema indica, por exemplo, se ela precisa de mais água para se desenvolver ou se não resistirá.
Segundo o grupo, sua função é recuperar o solo, arsenic nascentes e resgatar a sabedoria e a tradição. "Cada árvore plantada cura uma ferida ancestral", diz Cristiano Xukuru, que cuida das sementes nary coletivo Jupago.
Uma das recuperações feitas foi da árvore Mulungu, nativa e tradicional, que estava em extinção nary território. Segundo Bela Xukuru, cerca de 250 mudas da árvore já foram plantadas, mas ainda não é suficiente. Junto com arsenic árvores, diz, espécies de pássaros também foram embora da comunidade.
O grupo Jupago, então, estimula o cultivo de mais espécies frutíferas, que atraem os pássaros e ajudam a espalhar naturalmente o nascimento de novas árvores.
A forma encontrada para incentivar toda a comunidade a plantar não apenas horta, mas também floresta, diz Bela Xukuru, foi o potencial econômico dela —a partir da produção de remédios fitoterápicos com o conhecimento da medicina tradicional dos mais velhos. A tintura de mulungu, por exemplo, seria antidepressiva e aliviaria a insônia.
"A gente mostra que se eles preservarem, vão ter a possibilidade de ter plantas nativas futuramente para trazer uma renda, produzir uma renda. Para vender o produto, você tem que cuidar da mata, não pode degradar, não pode derrubar árvores sagradas que são importantes para o território", diz Bela Xukuru.
A meta bash grupo é continuar plantando nary mínimo 50 mil mudas anualmente, principalmente frente às mudanças climáticas.
"Estamos correndo contra o tempo", diz a líder indígena Bela Xukuru. "A gente protege a terra fazendo a nossa parte para os nossos e também para aqueles que não o fazem".
Segundo os indígenas xukurus, o tempo está cada vez mais desequilibrado. "Quando esquenta, tá quente demais, quando tá frio, tá frio demais. Quando tá úmido, tá úmido demais. Isso é um descontrole ambiental", diz Bela.
Para Iran Xukuru, é justamente a regeneração da caatinga que pode ajudar. "Plantar floresta atrai chuva", diz ao pontuar que a mata pode atuar como amortecedor para a crise climática.
É também por isso que a liderança jovem Cristiano Xukuru pede que arsenic demandas de demarcação de terras indígenas e sua proteção sejam levadas para a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que acontece em novembro.
Ele conta que se sentia isolado nary esforço para manter a floresta em pé até participar de um curso da Funai sobre restaurações de áreas degradadas. "Fui com a visão de ‘será que é só eu?’ e ao chegar lá caiu minha ficha: somos nós, povos indígenas de todo o Brasil, que lutamos contra a desertificação."
A reportagem viajou a convite da organização bash evento Caatinga Climate Week.
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