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Lição para o tarifaço? Como a Nvidia dobrou Trump e manteve elo com a China

Presidente da Nvidia, Jensen Huang, participa de evento em Taipé
Presidente da Nvidia, Jensen Huang, participa de evento em Taipé Imagem: Ann Wang/REUTERS

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, os assuntos são: Grok, de Musk, vai à guerra; Pix e gov.br: 5 inovações do Brasil; o novo ChatGPT; Nvidia dobra Trump)

Mesmo avaliada em mais de US$ 4 trilhões e alçada ao posto de empresa mais valiosa do mundo, a Nvidia sofreu um abalo recente quando o governo dos Estados Unidos a proibiu de vender chips para a China, um de seus principais mercados. Parte do sucesso se deve justamente ao protagonismo dessas GPUs, peças-chave para a inteligência artificial. Em uma série de ações que servem de receita de bolo para quem quer negociar com Trump, Jensen Huang, CEO da empresa, conseguiu convencer o presidente Donald Trump a reverter a decisão e liberar a venda para a China, ainda que o país seja o maior rival dos EUA.

O que ele fez é um receituário para quem quiser aprender como dar um drible no Trump
Helton Simões Gomes

O novo episódio de Deu Tilt, podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, detalha os passos de Huang até dobrar Trump.

1) Comer pelas beiradas

Após não conseguir convencer Trump diretamente sobre a importância de continuar a vender o chip para a China, Huang acionou um dos investidores veteranos mais influentes do Vale do Silício, o David Sacks. Czar do cripto, ele é o responsável na Casa Branca pela estratégia para IA e criptomoedas.

O argumento foi o seguinte: impedir o avanço da China não pode significar impedir uma empresa norte-americana de prosperar.

2) Contatar pessoas que o Trump respeita

Depois que caiu o Chip Act, que colocava restrições para empresas venderem chips, ele foi bater na porta da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes
Helton Simões Gomes

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3) Mostrar que o Trump "tinha razão"

Em recente entrevista, Huang afagou o ego do presidente norte-americano. Disse que, "sem a liderança do presidente, suas políticas, apoio e forte encorajamento, a manufatura dos EUA não teria acelerado nesse ritmo". O CEO da Nvidia também destacou o quanto a China não está "nem à frente, nem atrás", mas chegando bem perto dos EUA na corrida da inteligência artificial.

Ele contou com um golpe de sorte: nesse meio tempo a Huawei anunciou que está fazendo um chip para processar IA, incentivada pelo governo da China. Isso ajudou bastante o Trump a ver que tem uma ameaça crescendo
Helton Simões Gomes

4) Falar a língua do Trump

Para coroar o cortejo ao Donald Trump, a Nvidia anunciou investimento de US$ 500 bilhões em infraestrutura nos EUA, com objetivo de criar empregos e levar a produção de chips ao país.

5) Um olho no peixe e outro no gato

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Ao mesmo tempo que buscou convencer Trump, Huang não deixou de negociar com parceiros de outros países, inclusive inimigos do presidente norte-americano.

O cara é bom, conseguiu agradar os dois lados. A mensagem de convencimento que ele trouxe para o Trump é que 'se a gente bloquear, o efeito a longo prazo é gravíssimo, porque a tecnologia americana vai deixar de ser a padrão dentro da China
Diogo Cortiz

A estratégia de vetar que peças americanas cheguem à China pode, no fim das contas, incentivar o desenvolvimento de substitutos no país asiático. Isso já está acontecendo.

Ao fornecer um chip com capacidade menor, de alguma forma ele limita a habilidade da China de produzir IA, mas também favorece a criatividade de construir outros modelos que necessitem menos dessa capacidade computacional e foi isso que aconteceu com o DeepSeek
Helton Simões Gomes

A estratégia foi bem-sucedida. Mesmo que as empresas chinesas criem plataformas de LLM com código aberto, os chips usados são os da Nvidia.

O Huang pressionou os pontos certos na hora de falar com Trump e de alguma forma mencionou também uma coisa que vai ser relevante que é à medida que mais países entrarem nessa corrida, o padrão americano vai se estabelecer
Helton Simões Gomes

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Quando a gente pensa no chip, não é só pegá-lo e colocar no servidor e sair usando. Tem uma camada de frameworks e desenvolvimento que é importante garantir que seja o seu padrão
Diogo Cortiz

Agente do ChatGPT: agora, ele promete até comprar por você

A inteligência artificial está dando um passo além da conversa. Diferente de um chatbot tradicional, um agente de IA não apenas interage com o usuário, mas também lê o ambiente digital e executa tarefas por conta própria. É essa a proposta do novo ChatGPT Agent, que combina o Operator com o Deep Research para entregar uma experiência mais ativa e automatizada.

Agora, assinantes da ferramenta podem, por exemplo, pedir que a IA acesse um site específico, busque um produto e filtre as melhores opções — como se fosse um computador virtual com navegador próprio.

Com essa mudança, o foco deixa de ser apenas a experiência do usuário para se tornar também a experiência do agente. Isso significa que marcas e e-commerces precisarão se adaptar não só a humanos navegando, mas a sistemas automatizados realizando buscas, interações e tomando decisões. O desafio agora é pensar nos fluxos de processos com esse novo nível de automação, equilibrando segurança e controle ao exigir autorização do usuário para realizar determinadas ações.

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Grok: após elogiar Hitler, IA de Musk vira nova arma do Exército dos EUA

Mesmo após postagens polêmicas — incluindo conteúdos pró-Hitler e falas antissemitas — o Grok, a inteligência artificial de Elon Musk, será a nova arma do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O acordo, firmado no início de julho, é de cerca de US$ 200 milhões e inclui o desenvolvimento de soluções de segurança militar. A parceria é semelhante a outras firmadas pelo governo norte-americano com a OpenAI, Google e Anthropic.

Pix, gov.br e mais: 5 tecnologias brasileiras para assustar os EUA

Após o anúncio do tarifaço contra o Brasil, o governo de Donald Trump decidiu abriu investigação contra práticas comerciais brasileiras e mirou uma tecnologia puramente brasileira criada para o mundo das finanças: o Pix.

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Em Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, o jornalista lembrou que, ao adotar o Pix, muitas pessoas deixaram de utilizar o cartão de crédito, o que impactou diretamente as empresas que atuam nesse segmento. Ele e Diogo Cortiz, pesquisador e também colunista do UOL, listam outras tecnologias com DNA brasileiro e, tão revolucionárias quanto o Pix, teriam tudo para assustar os EUA.

*colaborou Ruam Oliveira

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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