
Crédito, Arquivo pessoal
- Author, Charlie Jones
Há 16 minutos
Tempo de leitura: 7 min
Com o aumento dos aluguéis, um mercado de trabalho difícil e salários que mal cobrem os gastos, alguns jovens britânicos estão optando por construir seu futuro no exterior.
De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) britânico, 195.000 pessoas com menos de 35 anos se mudaram para fora do país no período de um ano, até junho.
Então, para onde essas pessoas estão indo, o que estão fazendo — e será que algum dia voltarão para casa?
'Eu me sinto muito mais seguro em Tóquio'

Crédito, Ray Amjad
Quando Ray Amjad se formou na Universidade de Cambridge há alguns anos, ele pensou em permanecer na cidade histórica, mas logo mudou de ideia.
O jovem de 25 anos, natural de Manchester, viajou por 20 países diferentes, trabalhando remotamente com web design, e então percebeu que não conseguia mais se imaginar morando no Reino Unido.
Ele se mudou para Tóquio no ano passado, com um visto de dois anos para graduados em instituições de elite, e espera solicitar a residência permanente no futuro.
"Na minha experiência, o Reino Unido está perdendo muitos jovens talentosos", afirma.
"O Japão está fazendo um ótimo negócio. Estamos nos mudando para cá, já qualificados, e eles não tiveram que pagar pela nossa educação ou saúde enquanto crescíamos."

Crédito, Ray Amjad
Os amigos de Ray da universidade se mudaram para a Austrália, a Coreia do Sul e Hong Kong, citando o custo de vida no Reino Unido e a falta de oportunidades de emprego como fatores determinantes.
"Aqui em Tóquio, quem vinha trabalhar eram, em geral, pessoas bem mais velhas. Isso mudou recentemente", diz ele.
"Aqui me sinto muito mais seguro. Posso andar por aí sem me preocupar com roubo de celular. Posso deixar meu laptop num café por um tempo e ele continuará lá."
"E o apartamento que estou alugando custaria três vezes mais em Londres."
'As pessoas sonham alto em Dubai'

Crédito, Isobel Perl
Isobel Perl criou sua própria marca de produtos para a pele na casa dos pais, em Watford, há cinco anos.
Agora com 30 anos, ela decidiu se mudar para Dubai no ano que vem e espera expandir seus negócios para os Emirados Árabes Unidos (EAU).
"Minha irmã se mudou para Dubai há alguns anos e meus pais decidiram se mudar também, então faz todo o sentido", diz ela.
"O sol durante todo o ano é um grande incentivo. É um lugar caro para se viver, mas não terei que pagar imposto de renda."
Isobel estava entre as primeiras a obter um dos 10.000 vistos dourados para criadores de conteúdo, que permitem 10 anos de residência.
A maioria das pessoas que se muda para Dubai tem grandes ambições e sonhos, diz Isobel.
"É muito importante estar rodeada dessa energia. Há uma comunidade empresarial próspera e é um lugar muito inspirador para se estar."

Crédito, Isobel Perl
Isobel planeja continuar fabricando seus produtos para a pele no Reino Unido, mas administrará os negócios a partir de Dubai e espera, no futuro, poder importar seus produtos e vendê-los nos Emirados Árabes Unidos.
Em janeiro, ela terá de rebatizar a PERL Cosmetics como Isobel Perl após uma contestação de marca registrada feita por outra empresa, o que a deixou com um estoque de £ 500 mil (R$ 3,7 milhões) para vender até o fim do ano.
"Tive que reduzir os preços e isso gera um grande impacto financeiro", diz ela.
"Preciso mesmo de um novo começo. Vou entrar no novo ano com energia e esperança."
Ela diz que sentirá falta dos amigos, de seu cavalo e dos passeios pelo campo.
"Mas estou a apenas sete horas de voo de distância", acrescenta.
'Ambiente favorável aos negócios'
Três quartos dos cidadãos britânicos que emigraram no período de um ano, até junho de 2025, tinham menos de 35 anos, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas.
Mas a instituição mudou recentemente a forma como estima a migração britânica, então é difícil comparar com anos anteriores.
Um porta-voz do escritório afirmou que os dados não eram surpreendentes, uma vez que a maioria dos migrantes tendia a ser jovem.
David Little, sócio de planejamento financeiro da gestora de patrimônios britânica Evelyn Partners, acredita que os jovens estão optando por trabalhar no exterior por causa da "narrativa econômica cada vez mais negativa no Reino Unido", com altos índices de desemprego, aumento da dívida e da carga tributária e menos vagas para graduados.
Dubai, em particular, transformou-se em um centro global de carreiras, atraindo milhares de trabalhadores britânicos com salários isentos de impostos, baixos índices de criminalidade e um mercado de trabalho em expansão, afirma ele.
"Destinos como os Emirados Árabes Unidos oferecem uma vida livre de impostos, uma mentalidade de 'mãos à obra' e um ambiente favorável aos negócios, que parece muito mais otimista e gratificante", afirma ele.
Em vez do apoio financeiro tradicional dos pais para dar entrada na primeira casa, as famílias agora ajudam os filhos a arcar com os custos da emigração e da instalação no exterior.
'Meu emprego corporativo estava me deixando infeliz'

Crédito, Sol Hyde
Sol Hyde, de Colchester, diz que embarcou em um avião assim que seu negócio online começou a dar lucro.
"O mesmo se aplica a quase todos os empresários britânicos que conheço", acrescenta.
O jovem de 25 anos deixou seu emprego corporativo em outubro passado, depois de perceber que esse estilo de vida o deixava infeliz.
"Eu acordava no escuro e no frio. Era uma vida bastante solitária, porque todos os meus amigos estavam trabalhando muito", diz ele.
"Eu não tinha ideia do que fazer, mas sabia que precisava sair."

Crédito, Sol Hyde
Em janeiro, ele fundou sua empresa de consultoria de marketing, que ajuda empresas a crescerem nas redes sociais.
Sol passou a maior parte deste ano em Bali, mas acredita que poderá terminar na Cidade do Cabo, na África do Sul.
"Acordo com o sol, pego minha moto e vou ao clube de corrida", diz ele.
"Eu me encontro com outros 30 jovens que estão criando negócios e tomamos um café juntos. Trabalho com amigos o dia todo e, à noite, saímos para nos divertir."
A parte mais difícil foi deixar seus amigos e familiares para trás, diz Sol.
"Mas quando eu tinha um emprego corporativo, eu não os via porque trabalhava muito. Agora estou mais próximo deles porque conversamos mais."
Ele acredita que existe no Reino Unido uma cultura em que pessoas bem-sucedidas despertam ressentimento — além de haver um ambiente cultural negativo.
"O sucesso é acompanhado de críticas, boatos e ódio", afirma ele.
Sol conta atualmente com seis funcionários e está contratando mais quatro. Mas ele acredita que o sistema tributário do Reino Unido teria inibido seu crescimento e sua capacidade de assumir riscos.
"É uma solução de médio prazo", afirma.
"Adoro o Reino Unido e não descarto a possibilidade de voltar quando estiver em uma situação financeira melhor, mas, no momento, estou muito feliz por ter partido."

Crédito, Sol Hyde
Um porta-voz do Departamento de Trabalho e Previdência britânico afirmou que o governo redobrou os esforços para estimular o crescimento da economia e criar empregos de qualidade, ao manter o teto do imposto corporativo em 25%, apoiar o comércio local com alíquotas permanentemente mais baixas e facilitar a expansão e o investimento de startups no Reino Unido.
"Todos os jovens merecem uma oportunidade justa de sucesso e, quando recebem o apoio e as oportunidades certas, eles as aproveitam", afirmou.
"Este governo está apoiando os empreendedores para que prosperem. Eles são um tema central da nossa estratégia para pequenas empresas, com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico em todo o país – e, com uma taxa de emprego de 87%, os graduados continuam tendo mais chances de estar empregados do que aqueles sem diploma."

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