O governo às vezes chega a umas conclusões que nos fazem pensar se são ingênuas ou se fruto de tentativas de emplacá-las no mercado da comunicação. Há quem compre tais ideias, mas o tempo e os fatos se encarregam de desfazê-las no ar.
Uma delas era a de que os problemas com o Congresso estariam resolvidos com a troca de comandos na Câmara e do Senado. Outra atribuía ao deputado Arthur Lira (PP-AL) a raiz das contrariedades e enfrentamentos.
Pois lá se vão quase cinco meses da eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) e o ambiente não só não melhorou como tornou-se mais hostil. De lá para cá nada andou no Parlamento e, onde havia entraves bem ou mal superados, hoje há paralisia e atrito.
Se o presidente Lula (PT) achou que uma aliança com os presidentes da Câmara e do Senado abriria o caminho para seus projetos e daí em diante a paz estaria selada, calculou errado.
Na época de Lira as coisas eram até melhores. O deputado tinha um acerto claro: na economia ajudava, nos costumes se abstinha e nos interesses diretos do PT o governo que se virasse.
Além disso, as divergências internas dele com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o modo de agir temperado do então presidente do Senado, davam um certo alento ao Planalto. Agora a coisa é diferente. Motta e Alcolumbre atuam em parceria no atendimento ao compromisso pelo qual foram eleitos: a preservação da força maior do Legislativo frente ao Executivo.
Ambos devem seus poderes aos pares que os escolheram em votações praticamente unânimes, exatamente para manter a dinâmica da pressão constante. Tensão crescente quanto mais se aproxima o ano eleitoral e quanto menor é o grau de aceitação do governo e de Lula nas pesquisas de opinião.
Daí o equívoco de acreditar que o enrosco respondia pelo nome de Arthur Lira e sem o qual estaria tudo resolvido, assim como não se resolveu com os novos nem se resolveria fossem outros os personagens da mesma linhagem de senhores da situação.
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