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Instituição sem fins lucrativos que completou 40 anos em 2024, o Instituto de Estudos Empresariais (IEE) empossou em maio o seu novo presidente, o economista e administrador Tiago Dinon Carpenedo. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, o dirigente afirma que sua gestão, que se estende até a metade do ano que vem, será de continuidade e fortalecimento dos projetos já em curso, como o IEE Impacto, implementando no mandato anterior, de Paola Coser Magnani, e que tem foco em ações sociais.
Carpenedo também fala de suas expectativas para o Fórum da Liberdade de 2026, evento promovido anualmente pelo Instituto e que reúne personalidades do meio empresarial brasileiro para dois dias de debates, palestras e atividades. O presidente destaca as eleições gerais do ano que vem, e que o IEE convidará pré-candidatos à Presidência da República para um painel de debates.
Outro assunto abordado por Carpenedo é a recente participação de integrantes do IEE na política, e mais especificamente na prefeitura de Porto Alegre. Nomes como o ex-vice-prefeito da Capital, Ricardo Gomes, e as ex-secretárias de Desenvolvimento Econômico, Júlia Tavares e Rosani Pereira, participaram do grupo. Conforme o presidente, esta vinculação de quadros do Instituto à vida pública parte de decisões tomadas a partir da liberdade individual de cada um, algo que é tido como um dos princípios do IEE.
Jornal do Comércio - Como chega à presidência do IEE? Quais são as expectativas e prioridades de sua gestão?
Tiago Carpenedo - Primeiramente, é legal trazer que é uma honra e um privilégio para mim assumir a presidência do IEE. Faço parte do Instituto desde 2019, então estou indo para o meu sexto ano, e, com o passar do tempo, cada vez aprendi e comecei a valorizar mais a atuação do Instituto. É um Instituto que tem formado, ao longo dos seus 40 anos, uma série de líderes empresariais fantásticos que passaram pelo IEE e estão passando. Nesses próximos 11 meses, a ideia é fazer um trabalho de continuidade do que vem sendo feito, que é um trabalho, na minha opinião, muito bem conduzido nos últimos anos. E com alguns focos de inovação e de fortalecimento da atuação do Instituto. E, nesse sentido, eu poderia frisar um fortalecimento ainda maior do Fórum da Liberdade, que na edição 2025 já teve um recorde público e a gente espera seguir crescendo o evento de uma forma inovadora. Estamos discutindo possibilidades de como, mesmo com a restrição do espaço físico que o Centro de Eventos da PUCRS, que é um parceiro de longa data, nos impõe, como a gente consegue gerar ainda mais impacto e colocar mais gente participando dessa nossa bandeira de advocacy do IEE, que é o Fórum da Liberdade. E, por outro lado, temos também o IEE Impacto, que é um braço relativamente recente do IEE, com foco em projetos sociais. O IEE Impacto foi lançado como marca, como guarda-chuva, no começo da última gestão e a gente tem conduzido quatro projetos sociais por meio dele, que são o Professor Voluntário, Empreendedores do Amanhã, um projeto junto com a Júnior Achievement e o Jovens no Fórum, em que a gente leva centenas (de jovens), de forma gratuita, por meio de cortesias de ingressos, alimentação e deslocamento, para o Fórum.
JC - Portanto, pretende dar continuidade aos projetos da última gestão...
Carpenedo - Sim, sem dúvidas. Inclusive, na última gestão eu era vice-presidente, e existe no IEE uma tradição, mas não é uma obrigação de nenhuma forma, do vice-presidente suceder o presidente, se tornar o próximo presidente. E nesse sentido, na gestão 2024/2025, eu era vice-presidente, e na gestão ainda anterior eu fui diretor financeiro, então estou iniciando agora o terceiro ano na diretoria do IEE. E foi, enfim, um grande aprendizado e eu pude, não só acompanhar, mas também fazer parte da última gestão, então tenho muita tranquilidade de que o trabalho foi bem desenvolvido, e quando eu falo em continuidade é justamente porque eu sei que ele trouxe bons frutos. Na minha visão, hoje o IEE está em um momento muito bacana como instituição, e a gente tem aí a última edição do Fórum com recorde em termos de público e com feedbacks muito positivos. Quando a gente olha para o ponto de vista da formação de associados, que é o nosso "core" de atuação, a gente tem quase o limite estatutário que o IEE permite de jovens, e a gente tem tido nos processos seletivos recorde de inscrições, a gente tem tido muita gente querendo participar do IEE. Junto disso, os associados que participam do IEE ainda, ou seja, já ingressaram, a gente tem uma percepção, e isso é um pouco mais qualitativo, de um alto nível de engajamento nos projetos, nas atividades que a gente propõe para a formação. Eu acho que, junto a isso, a gente está muito bem estruturado em termos organizacionais, de gestão, em termos de gestão financeira. Acho que o IEE hoje se encontra em um momento muito bacana como instituição.
JC - O vice-prefeito de Porto Alegre na gestão passada, Ricardo Gomes, é ex-presidente do IEE. Outros integrantes do Instituto também passaram a atuar em cargos públicos. Como observa esta participação de quadros do IEE na política?
Carpenedo - O IEE, como razão de existir, desde a fundação em 1984 até hoje, ele busca formar jovens lideranças empresariais. E essas lideranças são formadas nos princípios que a gente acredita, que é liberdade, respeito à propriedade privada, respeito às liberdades individuais e uma crença em um Estado Democrático de Direito. Ao passo que a grande maioria dos associados são empreendedores ou mesmo de famílias empreendedoras, o nosso objetivo é que eles se tornem empreendedores de maior sucesso e com uma visão ampla da sociedade, que possam entender o que acontece no meio político, não só o que acontece no meio empresarial, mas também no meio político, no meio social, no meio econômico, de uma forma mais ampla. Então, justamente por isso, quando a gente divide as nossas temáticas de atividades, a gente trabalha em empreendedorismo, obviamente, mas também em política, economia e filosofia. A gente acredita nessa formação um pouco mais ampla. E dentro desse contexto, a gente não busca formar políticos ou pessoas para atuar em cargos do setor público. Mas, ao mesmo tempo, a gente fica feliz que isso aconteça, porque mostra o quão os associados que passam pelo IEE enxergam a importância de influenciar, gerar impacto, não só nas suas empresas, mas também em entidades setoriais e até mesmo no próprio setor público, de forma a conseguir executar esses princípios que a gente acredita. Não é um foco de atuação, mas a gente entende que é uma externalidade positiva. A gente não tem nenhum tipo de programa interno no sentido de fomentar, sugerir que participe. O IEE acredita muito na individualidade, na força do indivíduo, foram processos completamente individuais e que o IEE pode ter colaborado nisso ao gerar essa rede de conexões e pessoas que se conhecem, confiam e sabem da competência um do outro, que, eventualmente, podem ter acontecido alguns convites. Mas a gente se mantém bastante distante do ponto de vista político-partidário, porque o IEE, além de ser uma instituição sem fins lucrativos, também é apartidária. Então, a gente enxerga isso mais como uma consequência.
JC - E acredita que há uma tendência de maior participação de integrantes do IEE na política?
Carpenedo - É difícil dizer que há uma tendência. Como são decisões muito individuais, a gente pode, daqui a cinco anos, estar falando que esse número triplicou e pode estar dizendo que temos nenhum associado do IEE atuando diretamente na vida pública. É muito difícil eu prever algo que, como realmente não é uma definição, não existe um tipo de programação, nenhum tipo de autorização, nenhum tipo de fomento do IEE para isso, são decisões completamente em âmbito particular dessas pessoas. A gente fica feliz de saber que temos quadros excelentes no setor público provenientes do IEE, não só no meio municipal, mas também no meio federal, a gente teve no governo anterior também uma série de associados do IEE que participaram. E a gente sabe que são pessoas de excelência, que contribuíram muito. Mas não consigo fazer um prognóstico de se isso vai aumentar ou diminuir nos próximos anos.
JC - O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro mais impactado pelas mudanças climáticas e, diante disso, há um temor de evasão de empreendedores do Estado. Seria este um cenário para o IEE assumir um certo protagonismo na manutenção de investidores no RS?
Carpenedo - Eu não só acho que ele pode, como eu entendo que ele toma no sentido em que, na nossa visão, a maior forma de tornar Porto Alegre e o Rio Grande do Sul lugares atraentes para as pessoas viverem é sendo um lugar em que se recebe investimentos, em que se queira empreender, em que se tenha boas opções de produtos e serviços, e nós percebemos o quanto a qualidade de vida é um fator que vem sendo gradativamente olhado pelas pessoas, de onde elas querem morar. Eu não tenho dúvida de que um dos maiores desafios que o Rio Grande do Sul tem hoje é esse êxodo de pessoas qualificadas, especialmente para Santa Catarina e para São Paulo, que são lugares que têm um nível de crescimento alto, mas ao mesmo tempo acho que nós não podemos nos contentar de forma passiva com isso. Acho que o que vem sendo feito no nível de gestão aqui em Porto Alegre, municipal, estadual, é positivo. Acho que, no momento que a gente cria um ambiente mais livre do ponto de vista econômico, a gente tende a, no médio e longo prazo, ter um crescimento econômico que gera mais oportunidades para as pessoas seguirem aqui e não quererem ir para outros lugares. Mesmo Santa Catarina, em que talvez seja difícil nós competirmos com eles em termos de beleza de praias, isso talvez seja algo que seja um pouco mais difícil a nossa atuação, mas que se tornou um polo de tecnologia bacana já há alguns anos. E se a gente for fazer o contraponto, Porto Alegre também tem se posicionado de uma forma muito inteligente, muito adequada em termos de startups, de empreendedorismo digital. Nós temos aqui o Instituto Caldeira, o South Summit tem acontecido há algumas edições, a gente tem o Parque Tecnológico do Tecnopuc, na Região Metropolitana o Tecnosinos, então também eu acho que tem uma série de coisas bacanas que têm acontecido. Dado esse contexto, acho que não são mudanças que acontecem do dia para a noite, mas eu creio que a gente tem potencial, como Estado, de manter as pessoas aqui.
JC - Sobre o Fórum da Liberdade, como avalia a edição deste ano?
Carpenedo - Como vice-presidente na última gestão e tendo participado ativamente da construção do Fórum da Liberdade de 2025, nós entendemos que o último fórum teve um sucesso enorme sob diferentes dimensões. A gente teve um recorde público, foram mais de 5 mil pessoas presentes nos dois dias, somando os presentes nos dois dias do evento. Nós tivemos novos, o que a gente chama de ecossistema do Fórum, então nós tivemos novas atrações dentro do espaço da PUCRS, onde é realizado o evento, tivemos dois palcos simultâneos. Além do palco principal, onde os grandes nomes participam dos painéis, e nós tivemos dois palcos complementares, que é o Espaço Talks e o FL Brands, em que outros palestrantes também, com temas mais específicos, mas de altíssima qualidade, puderam realizar debates.A gente teve um recorde também em termos de horas de programação e de número de palestrantes por meio desse formato. Além disso, e isso é um pouco mais difícil de mensurar, a gente percebe uma certa vibração, uma energia bacana nos participantes do evento. E o foco do Fórum como plataforma e discussão de ideias sociais e político-econômicas são os debates, e a gente entende que conseguiu trazer temas contemporâneos, temas importantes, com a profundidade que o Fórum busca e com excelentes nomes, com excelentes palestrantes.
JC - Na sua opinião, o Fórum é uma forma de atrair visibilidade para Porto Alegre e o Rio Grande do Sul?
Carpenedo - Sem dúvida. A gente tem no Fórum, desde muitos anos, uma presença de pessoas que vêm de outros estados para acompanhar o evento. Então, a nossa ideia é seguir com esse foco, digamos assim, de nacionalização do evento. A gente sabe que é normal que a maior parte do público presente seja de Porto Alegre, e a gente não só entende como a gente acha isso positivo, porque é a sede do IEE, é onde o Fórum começou. Estamos um pouco aí na ponta do Brasil em termos de geográficos, então sabemos a dificuldade de trazer as pessoas aqui para Porto Alegre, mas temos um número bacana de pessoas que vêm assistir, acompanhar, e essa é uma ideia que a gente busca, não só de trazer participantes de forma presencial, mas também que o impacto, em termos de mídia, em termos de conteúdos de redes sociais, ganhe uma reverberação em termos nacionais.
JC - E para o Fórum da Liberdade de 2026, pretendem apresentar novidades? O que esperar da próxima edição?
Carpenedo - O Fórum tem por tradição buscar compor um painel com possíveis candidatos à Presidência. A gente não tem esses nomes ainda de forma clara, mas certamente (teremos) até abril ou março do ano que vem, o período em que normalmente o Fórum acontece. Podem vários nomes mudar, mas a gente sem dúvida vai convidar todos os nomes que estejam em discussão para que venham ao Fórum. Não conseguimos ter uma certeza, porque isso é uma decisão do pré-candidato, mas a gente espera ter nomes excelentes para fazer uma excelente discussão destes que concorrem ao cargo da Presidência, mas dentro de um contexto maior também, que são eleições gerais, em que o Brasil vive um momento importante de escolher o seu caminho futuro. Não temos o tema ainda definido do Fórum 2026, mas não tenho dúvida de que nós vamos discutir muito sobre o futuro do Brasil, por se tratar de um ano de eleições.
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