A resposta fácil seria dizer "motive-os", "inspire-os". Mas a verdade é que motivação sem clareza é apenas barulho. E clareza sem empatia é apenas pressão. O que funciona é a combinação dos dois: clareza empática. Quando assumi aquela conversa difícil, eu não comecei falando das metas. Comecei falando da realidade. Disse ao time: "Eu sei que vocês estão cansados. Eu também estou. Mas eu preciso ser honesto sobre onde estamos e sobre o que ainda precisa ser feito. E mais importante: eu preciso da ajuda de vocês para decidir o que realmente importa agora."
Uma das maiores armadilhas de dezembro é tentar resolver todos os problemas do ano em três semanas. Isso não é liderança. Isso é desespero disfarçado de determinação. Aprendi que o papel do líder no final do ano não é exigir mais energia do time. É ajudar o time a investir a pouca energia que resta nas coisas certas.
Quando fiz a pergunta "Se só pudéssemos fazer uma coisa bem feita até o fim do ano, qual seria?", a sala ficou em silêncio. Depois, começamos a listar tudo que estava em aberto. Eram dezenas de projetos. Mas quando aplicamos o filtro do essencial, percebemos que apenas três coisas realmente fariam diferença. Três. Não trinta. E foi aí que o time, que estava visivelmente sobrecarregado, começou a respirar de novo.
Porque clareza sobre o que importa é libertadora.
Lembro de uma vez na Iron Mountain, quando estávamos no meio de uma reestruturação e chegamos em dezembro com uma lista interminável de pendências. Eu poderia ter pressionado o time para "dar conta de tudo". Mas em vez disso, perguntei: "Quais dessas pendências, se não forem resolvidas até o fim do ano, vão realmente comprometer nossa operação em janeiro?" A resposta foi: duas. Apenas duas, de uma lista de vinte. Então tomamos uma decisão consciente: vamos fazer essas duas coisas com excelência, e o resto entra no planejamento de janeiro. O time entregou com qualidade, e ainda sobrou energia para começar o ano seguinte com gás.
Agora, vamos falar de motivação. Porque clareza e foco são fundamentais, mas não são suficientes. As pessoas precisam querer fazer. E aqui entra uma distinção importante: motivar não é manipular. Manipulação é quando você usa artifícios emocionais ou pressão psicológica para extrair performance de curto prazo. Motivação genuína é quando você cria as condições para que as pessoas encontrem significado no que estão fazendo.
Quando pedi aquele esforço final ao meu time no McDonald's, eu não disse "precisamos bater a meta de dezembro". Eu disse: "Precisamos fechar o ano de um jeito que nos permita começar o próximo com credibilidade para pedir investimentos maiores, para abrir mais restaurantes, para gerar mais empregos. O que fazemos agora não é só sobre dezembro. É sobre o ano que vem."
Aprendi que reconhecimento não pode ser condicional. Se você só reconhece depois que a meta foi batida, você está recompensando resultado, não esforço. E em dezembro, quando o time está no limite, o que sustenta as pessoas não é a promessa de recompensa futura. É o reconhecimento presente de que o esforço delas importa.
Uma das maiores lições que aprendi é que o gás final não vem de discursos motivacionais. Vem de conexão humana. Quando as pessoas se sentem vistas, ouvidas e valorizadas, elas encontram energia onde parecia não haver mais. Por isso, em dezembro, eu sempre fiz questão de ter conversas individuais com as pessoas chave do meu time. Não para cobrar. Para perguntar: "Como você está? Do que você precisa?" E eu ouvia. De verdade.
Voltando àquele dezembro no McDonald's: nós batemos a meta? Sim. Mas não foi por causa de um milagre. Foi porque tomamos decisões conscientes sobre onde investir energia, porque fomos transparentes sobre o porquê daquele esforço, e porque tratamos as pessoas como seres humanos. Mas mais importante do que bater a meta foi o que aconteceu em janeiro. O time começou o ano seguinte engajado, confiante e com energia.
Porque no final das contas, o que define um grande líder não é a capacidade de extrair performance a qualquer custo. É a capacidade de sustentar performance ao longo do tempo, preservando a saúde, a confiança e o engajamento das pessoas. E isso não se faz com pressão. Se faz com presença.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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