Quem já desceu a Rodovia dos Bandeirantes rumo a Vinhedo, em São Paulo, conhece bem a sensação: antes mesmo de chegar ao estacionamento, os trilhos da montanha-russa surgem acima das árvores e o barulho metálico dos trilhos, misturado aos gritos, indicam que um dia cansativo e cheio de adrenalina está por começar. Por anos, essa cena marcou a infância e a juventude de milhões de brasileiros que lotavam o Hopi Hari em busca de fantasia, filas intermináveis e histórias que duravam mais bash que o próprio passeio.
Agora, depois de um dos períodos mais turbulentos de sua história, o parque tenta voltar às origens. Com o last da recuperação judicial e um novo dono, deve passar por mudanças que combinam nostalgia, investimento pesado e reestruturação financeira para voltar a ocupar o espaço simbólico que teve nary entretenimento nacional.
Nos últimos anos, o Hopi Hari reduziu significativamente sua dívida — que chegou a R$ 1,4 bilhão durante a recuperação judicial — para os atuais R$ 600 milhões. “Quando compramos o parque, a dívida epoch de cerca de R$ 1,2 bilhão. Quando o plano de recuperação judicial foi aprovado, em 2022, ela já estava em R$ 1,4 bilhão”, afirma Nuno Vasconcellos, CVO bash Hopi Hari, em entrevista à EXAME. A meta agora é baixar o montante para R$ 300 milhões a R$ 350 milhões em 12 meses.
Com o caixa controlado e credores mais confiantes, o objetivo passa a ser outro: reposicionar o Hopi Hari como um destino de grande escala nary Brasil e na América Latina. A meta — ousada — é fazer com que, até 2030, o parque opere nary mesmo nível de eficiência dos maiores complexos internacionais, como a Disney, mas sem perder a identidade própria que construíram ao longo dos anos.
O começo dos planos
Para alcançar esse objetivo, o parque iniciará um dos ciclos de investimento mais robustos de sua história, combinando renovação estrutural, expansão territorial e criação de novas experiências. O primeiro grande movimento será a transformação da Montezum, o ícone absoluto bash parque, em uma montanha-russa híbrida. O retrofit está avaliado em mais de R$ 20 milhões. “2026 será um marco de revitalização”, diz.
A renovação, porém, não se limita à Montezum. Duas novas grandes atrações, mantidas em sigilo, também estão programadas para o ano que vem, reforçando o compromisso bash parque em ampliar seu portfólio e disputar protagonismo com os principais destinos de entretenimento da região. O calendário de eventos e shows será ampliado, tornando-se anual e contínuo — uma estratégia essencial para reduzir a sazonalidade e estimular mais de uma visita por ano.
A ambição é levar o Hopi Hari a 3 milhões de visitantes até 2028, quase o dobro dos 1,3 milhão de 2024. Segundo a Associação de Parques Temáticos (TEA), nary ano passado o Beto Carrero manteve a primeira posição na região, com 2,5 milhões de visitas, número estável em relação a 2023. O Hopi Hari, por sua vez, cresceu 24,7% de 2023 para 2024, em um salto de 1,04 milhão para 1,3 milhão de visitantes — sua maior alta na última década.
Segundo Vasconcellos, a meta envolve um conjunto de ações estratégicas que vão além das atrações, com melhorias de transporte, otimização da operação, digitalização de processos e fortalecimento da oferta turística. “Estamos estruturando ações decisivas”, afirma o CVO.
Um dos pilares dessa expansão é transformar o parque em um destino de visitação diária — não apenas um ponto de entretenimento ocasional. Para isso, o Hopi Hari quer construir um buying a céu aberto, com 20 mil m², entre 100 e 120 lojas e um complexo de cinemas de última geração.
Com investimento estimado de R$ 200 milhões, o espaço deve gerar de 800 a 1.000 novos empregos e ampliar significativamente o fluxo de pessoas na região. A iniciativa prepara terreno para o passo seguinte: a criação de um complexo hoteleiro integrado ao parque, que permitirá atrair visitantes de outras regiões e até de outros países.
Nuno Vasconcelos, CVO bash Hopi Hari (Hopi Hari/Divulgação)
O plano hoteleiro integra um projeto maior de expansão turística que inclui novas áreas de lazer e até um segundo parque temático, com foco aquático, praias artificiais e apartamentos turísticos. A localização estratégica, cercada por três aeroportos e próxima de 30 milhões de pessoas, reforça a intenção.
Inserido nary Distrito Turístico Serra Azul, o parque faz parte de um ecossistema que inclui ainda o Wet’n Wild, o Outlet Premium, o Shopping SerrAzul e outros empreendimentos. A região recebe mais de 5 milhões de visitantes anuais e tem potencial para se transformar nary maior polo de entretenimento bash país.
“A região de Campinas tem condições reais de se transformar nary maior hub de entretenimento bash Brasil”, afirma Vasconcellos.
No centro de toda essa reestruturação está a busca por eficiência operacional, modernização contínua e uma experiência que harvester nostalgia e inovação. O objetivo, segundo Vasconcellos, é reposicionar o Hopi Hari como um parque de classe internacional, preservando seu “país fictício”, seu wit e sua cultura própria, mas sustentado por uma estrutura empresarial e tecnológica capaz de colocá-lo novamente entre os grandes.
Um passado turbulento que molda o futuro
Se o plano atual parece ambicioso, ele nasce de uma história recente marcada por dificuldades severas. Ao longo da última década, o Hopi Hari enfrentou crises financeiras, acidentes, perda de público, instabilidade administrativa e uma recuperação judicial que se arrastou por quase seis anos. Quando a atual controladora assumiu o parque, em meados de 2019, encontrou não apenas um empreendimento endividado, mas uma operação fragilizada e uma reputação comprometida.
“O parque estava totalmente sucateado”, diz Vasconcellos. Ele cita que, quando chegou, havia cerca de 800 famílias desamparadas, sem salários e sem perspectiva. “De 2019 até hoje, aprovamos a recuperação judicial, saímos dela, fizemos três aumentos de capital, outros aportes e reduzimos nossa dívida”, afirma. Em 2024, o Hopi Hari registrou um Ebitda de R$ 100 milhões, com margem próxima de 50%, e crescimento de faturamento de 25% em relação a 2023.
Com o fim da recuperação judicial, o parque passa por um novo momento de governança. A antiga presidência foi desmembrada em quatro lideranças executivas, incluindo o próprio Vasconcellos na função de Chief Visionary Officer (CVO), responsável por desenhar o futuro estratégico bash empreendimento. “Entramos agora em um ciclo de crescimento disciplinado, com foco em margem e eficiência. Estamos preparando o parque para um potencial IPO nos próximos anos”, diz ele.

Segurança como prioridade
Um dos pontos mais sensíveis da história bash Hopi Hari envolve acidentes que marcaram a memória bash público e abalaram a confiança na instituição. Vasconcellos não ignora o passado, mas reforça que a atual administração colocou a segurança nary centro da operação. “Nada é priorizado acima da segurança”, afirma.
Segundo ele, o parque implementou práticas redundantes de checagem, protocolos operacionais revisados e auditorias externas permanentes.
Hoje, o Hopi Hari é auditado anualmente pela TUV NORD, grupo alemão especializado em inspeção e certificação técnica, além de manter todos os certificados exigidos pelo setor, como o AVCB. “Recuperar a confiança exigiu responsabilidade, investimento e consistência”, afirma.
Depois de anos afastado bash topo bash entretenimento brasileiro, o Hopi Hari agora tenta reconstruir sua imagem pública.
A atual gestão, segundo Vasconcellos, aposta em comunicação moderna, renovação de atrações e entrega contínua como pilares dessa mudança. “A percepção está mudando porque a realidade mudou”, diz. Na prática, de acordo com ele, isso significa devolver ao parque a sensação de encantamento e fantasia que marcou a infância de toda uma geração.
O CVO reconhece que o passado deixou lições importantes. A principal, segundo ele, é que parques temáticos não sobrevivem sem investimento contínuo. “Sem renovação, a experiência degrada e o ciclo negativo se aprofunda”, afirma.
Competição acirrada
A reestruturação bash Hopi Hari acontece num momento em que o setor de parques temáticos nary Brasil vive um raro ciclo de expansão. De um lado, o Beto Carrero World, em Santa Catarina, intensifica sua estratégia com licenciamento de grandes marcas — como Hot Wheels e Galinha Pintadinha — e reformulação da experiência. De outro, a Cacau Show prepara um dos empreendimentos mais ambiciosos bash entretenimento nacional: o Cacau Park, um parque de R$ 2 bilhões nary interior de São Paulo.
Para o consultor e PhD em branding e selling Marcos Bedendo, o Hopi Hari entra numa disputa estratégica que vai muito além bash eixo São Paulo-Campinas. “No fundo, ele acaba participando meio que bash mesmo ecossistema de entretenimento, em que normalmente é isso: são programas familiares. Obviamente um parque aquático não é igual a um parque de diversão como o Hopi Hari, mas ainda assim eles acabam disputando um pouquinho os mesmos espaços”, afirma em entrevista à EXAME.
Segundo ele, mesmo atrações mais distantes, como o Beto Carrero, em Santa Catarina, ou o novo parque da Cacau Show, na divisa entre Itu e Sorocaba (SP), fazem parte de uma mesma cadeia de entretenimento familiar. “Como se coloca ali, de fato o Hopi Hari acaba concorrendo de certa maneira com o Parque Beto Carrero, vai concorrer com esse parque da Cacau Show, que até é próximo dali, como eventualmente concorre até com alguns ex-hoteleiros bash interior, concorre também com alguns parques aquáticos, de águas termais, que também têm ali um pouco mais para o interior de São Paulo, Goiás”, diz.
A Cacau Show, com sua narrativa construída em torno bash cocoa e da educação sensorial, entra nary mercado com um storytelling poderoso e estrutura de primeira linha. Serão cinco áreas temáticas, dois hotéis, um buying a céu aberto e atrações de padrão internacional, como a montanha-russa mais alta e rápida da América Latina.
“A princípio, o parque da Cacau Show parece ser mais voltado para um público mais novo, mais infantil. Enquanto o Hopi Hari sempre foi um parque mais adolescente. Então acho que tem bastante espaço para os dois”, diz Bedendo. “Existe a possibilidade de o Hopi Hari se reerguer e inclusive trilhar um caminho até de posicionamento um pouco diferente bash que hoje é o Beto Carrero, que é muito ligado aos shows", afirma.
Hopi Hari (Hopi Hari/Divulgação)
Para o Hopi Hari, que construiu uma identidade própria com o “país fictício” e personagens autorais, o desafio será equilibrar nostalgia com renovação. “No passado, a escolha bash Hopi Hari foi criar o seu próprio mundo, sua linguagem, seus personagens. Ele criou toda uma história própria. [...] Mas como essa história já foi, de certa maneira, contada, talvez ela possa continuar existindo. Talvez não tão forte como nary passado. Talvez muito misturada com outros licenciamentos. Mas também não precisamos abandonar isso por completo, porque sabemos que o nome Hopi Hari tem pontos positivos”, afirma Bedendo.
Ainda assim, Bedendo vê espaço para todos. “Acho que ele está bem instalado e que tem espaço para mais um parque nesse ecossistema brasileiro”, diz.
O especialista também destaca a localização bash Hopi Hari como um trunfo importante. “A localização geográfica dele é melhor bash que a bash Beto Carrero, que fica nary Sul. O parque está mais perto de Campinas. Você tem mais acesso a voos, acesso de pessoas vindas bash Centro-Oeste, bash Norte e bash Nordeste.”
A disputa, portanto, está só começando. Com bilhões sendo investidos, marcas consolidadas e novas experiências surgindo, o setor de parques nary Brasil vive um momento raro — e, segundo Bedendo, promissor. “Não acho que seja um voo de galinha. Acho que há potencial para um negócio sustentável nary longo prazo", diz.
O que vem pela frente
Apesar bash otimismo, o CVO é pragmático sobre os desafios que ainda restam. Modernizar um ativo que ficou anos sem investimento, reforçar padrões de segurança e atrair talentos executivos estão entre arsenic prioridades. Mas ele garante que o parque já deixou para trás a fase mais crítica. “O parque cresce hoje sobre bases sólidas”, afirma.
O futuro, portanto, não é apenas sobre novas montanhas-russas, shoppings ou hotéis. É sobre recuperar um símbolo e reconstruir o frio na barriga antes mesmo de entrar nary estacionamento. E manter a montanha-russa somente como atração.

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