Falsa proteção ao trabalhador
É absurda a incoerência do governo. Porque lança um consignado privado para levar mais crédito ao trabalhador, especialmente de baixa renda, buscando taxas menores. Esse consignado, que não tem [limite de] tempo, não tem nada, está hoje com a taxa média de 3,9% ao mês, já esteve até mais alta que isso. Enquanto isso, o saque-aniversário, que já é um dinheiro do trabalhador, está parado e mal remunerado. O teto da taxa [da antecipação do saque-aniversário] é 1,79% ao mês. Como o governo, especialmente o ministro [do Trabalho e Emprego] Luiz Marinho, pode dizer que está fazendo a mudança para 'proteger os trabalhadores de abuso do sistema financeiro', se o consignado privado que eles aplaudem tem o dobro da taxa? Hoje, 86% das famílias brasileiras endividadas têm dívidas no cartão de crédito. Essas famílias estão pagando até 400% ao ano de juros nesse crédito. Ora, o trabalhador não pode pegar o seu dinheiro, antecipar a uma taxa de 1,79% ao mês, e o governo vai mantê-lo pagando uma taxa de 10%, 20% ao mês, no cartão de crédito? Que proteção é essa? Falta transparência com a sociedade.
A segunda grande incoerência diz respeito à questão rico-pobre. Tem sido frequente, nos últimos meses, esse discurso de tirar dos mais ricos e favorecer os mais pobres no Orçamento. Ora, pelo menos 80% dos que se beneficiam do saque-aniversário são pessoas de baixíssima renda. Por outro lado, qual é o objetivo dessa mudança? Fazer chegar mais dinheiro para o financiamento de imóveis. Mas quem financia imóvel? É quem tem baixa renda ou quem tem renda média alta? Tira-se o acesso a um dinheiro que é do próprio indivíduo, a uma taxa de antecipação de 1,79% [ao mês] como teto, para financiar casa de rico. Não temos nada contra a indústria de construção, mas ela tem que se financiar pelo seu próprio meio.
Diálogo com o governo
Até onde eu saiba, não existe nenhum tipo de diálogo. Quando o governo levou isso à discussão, no Parlamento, que é o representante da sociedade, foi rechaçado. E depois deu uma 'carteirada' com uma medida administrativa em um órgão em que ele vota praticamente sozinho [o Conselho Curador do FGTS], na contramão do que decidiu o Parlamento. Na minha opinião, não caberia nenhum outro palco para discutir o assunto do que o Parlamento.
Não faz sentido impor ao trabalhador brasileiro a remuneração negativa [do FGTS]. É normal prender o dinheiro de alguém remunerando tão pouco? Se esse dinheiro estivesse com o trabalhador, seria muito mais útil para a pessoa e para a economia. Ele estaria, por exemplo, pagando dívidas, investindo em alguma coisa melhor, pagando escola, consumindo. Não consigo entender a cultura do [controle do] poder público sobre o dinheiro do indivíduo.

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1 mês atrás
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