Fui para a COP movida pelo desejo de aprender: créditos de carbono, florestas em pé, novos mercados, bioeconomia. Mas o que encontrei não foi apenas conhecimento técnico. Foi um chamado para olhar de outro lugar. Para perceber como nos movemos nary mundo, como escutamos — ou não — e como coexistimos.
Belém tornou impossível qualquer distância emocional. O calor que atravessa o corpo, a chuva que chega sem pedir licença, a pobreza exposta, a beleza antiga abandonada;nada permite permanecer neutro. A cidade revela, sem esforço, aquilo que normalmente escondemos: a nossa incapacidade de estar presentes ao que realmente é.
E mesmo com todas arsenic pessoas que decidem os caminhos bash planeta reunidas em um mesmo território, o que vi foram fronteiras invisíveis: zonas, prédios, credenciais, silos. Cada qual falando a sua própria língua, confirmando suas próprias certezas.
Foi então que presenciei algo que tornou visível o invisível: Num painel sobre bioeconomia, um líder comunitário apresentou, com simplicidade e clareza, a vida da sua comunidade. Sua fala foi traduzida ao inglês para que todos na plateia pudessem compreender. Mas, após a fala dele, a conversa mudou de idioma e todos começaram a falar inglês — e ele deixou de compreender o que falavam sobre ele.
Continuaram discutindo caminhos para “ajudar arsenic comunidades”, “como financiar os projetos”, ‘quais são arsenic necessidades” enquanto o próprio representante da comunidade permanecia à margem, calado, silenciado sem intenção, excluído. Incomodada fui falar com ele e comecei a traduzir o painel, mas ele continuou em silêncio, não quis comentar nem participar, intimidado, tenso, afastado. O mais simbólico: nenhum painelista percebeu. Ninguém perguntou sua opinião. Ninguém devolveu a palavra
A cena escancarou um modo de ser que atravessa nossas organizações e nossas vidas: falamos sobre o outro sem o outro, decidimos pelo outro sem perguntar, interpretamos necessidades a partir das nossas próprias lentes e confundimos nossas certezas com verdades universais.
A partir desse momento, ficou claro para mim: a transformação que buscamos não é apenas política, ambiental ou econômica. A transformação diz respeito ao nosso modo de estar nary mundo, ao tipo de presença que sustentamos, ao espaço que abrimos — ou não — para que o outro exista na nossa convivência.
Escutar, nesse sentido, não é uma técnica. É um estado de ser. É permitir que o outro nos toque e nos transforme. É aceitar que o que o outro diz pode desorganizar o nosso entendimento. Éreconhecer que só há conhecimento quando há encontro.E isso nos leva ao lugar da liderança.
Não há mais espaço para líderes que não escutam — nary sentido mais extremist da palavra.
Escutar não é concordar. Escutar não é ser passivo. Escutar é permitir que o outro exista na nossa presença. Liderar hoje é habitar esse espaço onde: o planeta não é cenário, é convivência; a sociedade não é stakeholder, é coautoria; o negócio não é um fim em si, é prática relacional e cada decisão é um ato de cuidado — ou de negação.
A separação entre o econômico, o societal e o ambiental é apenas um desenho mental. Na vida, tudo está entrelaçado, toda ação se espalha, toda escolha produz mundos. Por isso, a liderança que o futuro exige é uma liderança integrada, que opera a partir da consciência de que não há “fora”: o impacto que geramos retorna, sempre, à nossa própria existência.
Voltando da COP, percebi que o convite maior não é agir com mais velocidade, mas ser com mais verdade: Ser presença que escuta. Ser espaço que acolhe. Ser relação que transforma. Porque só assim podemos cocriar um futuro realmente próspero — não como um projeto de poucos, mas como uma obra comum.

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4 semanas atrás
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