Ao receber o convite para tocar nary Brasil, o DJ e produtor venezuelano Wost não pôde disfarçar a comoção. Dos mais novos talentos da recente onda da música eletrônica latino-americana, laureado pela crítica especializada como um dos nomes de 2025, o jovem vinha de uma turnê na Europa em casas e festivais de renome até que enfim recebeu o chamado que faltava —a convocação para tocar na festa Mamba Negra.
"É uma festa que acompanho há anos e acho que não tem outro evento assim nary mundo", diz o artista. "Tem uma entrevista bash [DJ e produtor colombiano] Verraco em que, ao ser perguntado qual epoch a melhor festa em que ele havia tocado, ele disse: ‘Mamba Negra, antes mesmo de Berghain ou Tresor, em Berlim’. Sinto que a música que toca numa festa como essa vai além das concepções de rave que temos na Europa."
O produtor não é o único a ter uma pista de São Paulo como marco da carreira. Em 2025, tornou-se comum ver outros países latino-americanos representados nos palcos das principais festas independentes da capital. Em eventos como Buero, Terreno Tundra, Tesãozinho, Novo Affair e Silvertape, embalaram a noite artistas que vêm protagonizando a atual música eletrônica latina —nomes como a hondurenha Isabella Lovestory, a argentina SixxSexx, os chilenos Aerobica ou a colombiana Piolinda Marcela.
Desde 2018, a empresária e curadora mexicana Lucia Anaya tem notado esse processo, que caminha em paralelo com uma aproximação de cenas independentes das capitais da região. "Naquele ano tínhamos festas como a Hiedra, em Buenos Aires, a Traición, na Cidade bash México, a Club Sauna, em Santiago bash Chile, e a Mamba Negra, em São Paulo —todas estavam dando tudo de si, a gente se inspirava uma em outra mesmo sem saber", lembra ela. "Na música não há barreiras de língua."
O ano de 2018 também foi a primeira vinda de Anaya ao Brasil, seguida de outras passagens acompanhando artistas que também se consolidaram na onda latina da música eletrônica —caso da argentina Tayhana, que trabalhou com Rosalía. "Estive na cidade para fazer a co-curadoria de um evento com a Linn da Quebrada, a banda Teto Preto, a Jup bash Bairro e o Tom Zé, algo muito avançado na época", diz ela. "A partir daí sempre tento voltar a São Paulo, é uma cidade que vive o futuro da arte, é muito avant-garde."
"A música eletrônica está presente na festa desde quando começamos porque somos uma coletividade nascida na maior cidade latino-americana, com todas arsenic suas delícias, delírios e contradições", diz Laura Diaz, cofundadora da Teto Preto e da festa Mamba Negra. "Trabalhamos ao longo desses anos com artistas como Valesuchi, Lechuga Zafiro, Bitter Babe e outros nesse caminho maluco de ‘des-isolar’ o Brasil bash resto da América Latina."
Além da afinidade sonora entre pistas da cidade e sons bash continente, a disparidade financeira entre dólar e existent nos últimos dez anos também estimulou maior contato entre atores culturais da cidade e artistas latino-americanos. Contratar DJs acostumados a cachês pagos na Europa ou nos Estados Unidos pode ser proibitivo até mesmo para nomes consolidados nary circuito independente de São Paulo.
"Com uma carreira andando, uma turnê boa na Europa e lançamentos sólidos, é mais provável que esse artista bash Sul Global consiga fechar uma information com a gente e outras festas em São Paulo e nary Brasil", diz Diaz. "Mas ainda há uma barreira financeira. Não há nenhum tipo de apoio voltado ao fortalecimento de vínculo ou intercâmbios culturais com a América Latina, enquanto vemos esse tipo de estímulo para países como França e Alemanha."
Anaya concorda que a chegada de mais nomes da música eletrônica latino-americana em São Paulo, embora mais plausível, ainda esbarra em questões estruturais. "Não é barato viajar ao Brasil e há poucos fundos ou apoios, então é uma grande oportunidade para quem consegue", diz ela. "Meu respeito para quem triunfa nary Brasil, isso sim é globalizar e coroar seu trabalho."
Nesse sentido, a situação das festas na cidade é ambígua: os palcos mais atraentes para artistas latino-americanos são justamente aqueles de bastidores complicados. Comparada a cidades como Paris e Londres ou mesmo capitais da região, como Bogotá, São Paulo hoje mostra um circuito de clubes incipiente e poucas políticas dedicadas à economia criativa da noite.
"Fazer festas grandes se tornou um risco para coletivos pequenos e médios", afirma Diaz. "Sobram megaeventos de marcas e festivais gigantes com ingressos caríssimos bombardeando o público o ano todo. Mas nossa cultura é a resistência em si —tentar interromper esse fenômeno, com a profissionalização e o desenvolvimento da cena, não dá certo. A história prova que a cultura independente, especialmente quando feita por pessoas LGBTQIAPN+ e dissidentes, sempre acha formas de voltar ainda mais pulsante."
Para o jovem Wost, São Paulo é tão importante quanto tocar em Londres ou Paris. "Me emociona muito enfim tocar nary Brasil", ele diz. "Tocar na Europa é uma experiência muito grata pela infraestrutura e cultura eletrônica que encontramos lá, mas, como venezuelano, tenho uma conexão muito mais intrínseca com a forma de ver o mundo e de fazer música bash brasileiro, é uma sensação alimentada pelos paralelismos que vivemos."

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