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Silvinei buscou abrigo em meca bolsonarista que atraiu Flávio, Eduardo, Nikolas e Zema

O ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques tentou fugir para El Salvador para escapar da pena de 24 anos e 6 meses de prisão imposta a ele pelo STF (Supremo Tribunal Federal), informou a Polícia Federal nesta sexta-feira (26).

Ainda não está claro qual era exatamente o plano de Silvinei, mas é possível que ele tivesse a esperança de ser abrigado pelo presidente Nayib Bukele, reverenciado pela direita bolsonarista pela política de segurança linha-dura e pouco afeito a regras democráticas.

O plano, porém, não deu certo, e Silvinei foi capturado no aeroporto de Assunção, capital do Paraguai, quando tentava embarcar em um voo para El Salvador com um passaporte falso.

O ex-chefe da PRF agora será obrigado a cumprir a sentença à qual foi condenado por ter colocado a instituição a serviço de uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, ao tentar impedir eleitores de votar no segundo turno das eleições.

A escolha de Silvinei não é exatamente uma surpresa, já que El Salvador não sai da boca dos políticos bolsonaristas. Eles veem no país da América Central uma bela propaganda do modelo de segurança que gostariam de aplicar no Brasil.

Os índices de criminalidade de fato despencaram por lá, mas isso se deu às custas de um regime de exceção que já dura mais de três anos e meio, da prisão de milhares de inocentes, da violação de garantias constitucionais, dos julgamentos coletivos, da perseguição à imprensa e do desmantelamento da democracia no país.

Além disso, a criminalidade violenta pode estar em baixa em razão de um pacto que teria sido firmado entre Bukele e as principais gangues do país —como fizeram antecessores do presidente salvadorenho.

O El Faro, principal jornal investigativo da América Central, noticiou em setembro de 2020, com base em informes de inteligência penitenciária, que Bukele havia feito um acordo com a MS-13, a maior gangue do país. Segundo este pacto, os criminosos receberiam benefícios carcerários para manter a violência sob controle, reduzindo os homicídios.

Em dezembro de 2021, uma investigação do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos confirmou as informações divulgadas pelo El Faro e concluiu que o governo também tinha oferecido incentivos financeiros para a MS-13 e para outra gangue, a Barrio 18, como parte do mesmo acordo.

Nada disso, porém, é ponderado pela direita radical, que neste ano intensificou a peregrinação a El Salvador com o alegado objetivo de aprender mais sobre a política de segurança de Bukele.

Em novembro, o senador Flávio Bolsonaro (PL), o deputado federal cassado Eduardo Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) se reuniram em diferentes ocasiões com o ministro de Segurança Pública e Justiça, Gustavo Villatoro.

Villatoro é figurinha carimbada entre os políticos do campo. Em maio de 2023, ele participou por chamada de vídeo de uma reunião da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, a convite do deputado federal Osmar Terra (PL), ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro. Na ocasião, o salvadorenho propagandeou as medidas de segurança da gestão Bukele.

"A experiência salvadorenha prova que é possível derrotar a criminalidade. O Brasil tem jeito!", escreveu Flávio após o encontro com o ministro.

Nikolas Ferreira, por sua vez, também visitou o CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo), anunciado por Bukele como a maior prisão das Américas. "Fiquei frente a frente com os maiores bandidos do mundo. E sim, aqui os direitos humanos funcionam: sem privilégios, mordomias ou regalias para eles. Somente o firme rigor da lei. Aqui se paga —e muito caro", publicou o deputado nas redes.

Outro que se juntou à romaria e garantiu cliques por lá foi o presidenciável Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais. A viagem com sua comitiva, em maio, custou R$ 197 mil aos cofres do estado, como noticiou a Folha.

O Datafolha mostrou que a segurança é o principal problema do Brasil para 16% da população, superando a economia e ficando atrás apenas da saúde. Nas próximas eleições, Bukele deve continuar a ser invocado pela direita radical, que percorreu milhares de quilômetros para garantir o material de campanha.

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