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STF tem ministros divididos em relação a decisão de Gilmar sobre impeachment

O STF (Supremo Tribunal Federal) tem seus integrantes divididos e parte deles ainda sem posição definida sobre manter a decisão do decano Gilmar Mendes que blindou a corte ao restringir a propositura de impeachment contra ministros. A decisão vai a votação em plenário virtual na próxima sexta-feira (12).

Há uma avaliação no tribunal de que o caso pode expor publicamente uma divisão interna, uma quebra na imagem de coesão que a corte buscou cultivar na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e na resposta ao 8 de Janeiro e à trama golpista, ação que levou o ex-presidente à condenação.

Gilmar já havia dito à imprensa que se posicionaria na ação que trata da Lei do Impeachment ainda neste ano, mas a decisão cautelar (provisória) não foi comunicada previamente a todos os ministros. Essa ala ficou insatisfeita também com o momento e a forma como ocorreu.

A decisão de Gilmar foi considerada uma blindagem a ministros da corte e causou forte reação no Legislativo, principalmente no Senado. A Casa é responsável pela condução de processos de impeachment de integrantes da corte.

Ouvidos pela Folha reservadamente, dois ministros e três auxiliares de magistrados disseram que ao menos quatro integrantes do tribunal ficaram desconfortáveis com a decisão e outros três ainda avaliam os caminhos possíveis para a solução da controvérsia.

Há ministros que, no entanto, têm cautela diante do peso simbólico de ir contra uma posição do decano da corte e dar o sinal público de uma divisão interna. O decano é o ministro mais antigo e que, embora esse não seja um cargo formal, conta com o respeito dos demais ministros pela experiência acumulada e tem um papel de intermediação entre os colegas.

Ao menos até o julgamento da trama golpista, que condenou Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado, o tribunal vinha prezando por uma imagem de unidade em nome da defesa institucional, diante inclusive dos ataques que sofreu nos últimos anos.

Ao longo da semana, após a decisão sobre impeachment, os ministros pouco falaram sobre o tema. Durante as sessões e nos momentos em que se encontraram na chamada sala de lanches ao lado do plenário, o tema não teria sido mencionado entre eles.

O assunto será um desafio tanto para o Supremo quanto para Gilmar, que ainda não tem a garantia do apoio majoritário do plenário.

Como mostrou a Folha, o presidente do STF, Edson Fachin, entrou em cena para baixar a temperatura e passou a debater o tema com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Os dois chefes dos Poderes discutem a votação de uma nova lei sobre impeachment de autoridades. A alternativa poderia ser uma solução para a divergência do próprio Supremo.

Na última sexta-feira (5), o senador Weverton Rocha (PDT-MA) divulgou um relatório que faz concessões ao STF, mas não oferece o mesmo grau de proteção que a medida de Gilmar.

Quando a decisão sobre a Lei do Impeachment foi tomada pelo decano do Supremo, senadores falavam em dar uma resposta à altura, mas o próprio presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), tem afirmado que o projeto não tem a intenção de afrontar a corte e só deve ser aprovado no ano que vem.

Internamente, na corte, há a avaliação de que a possibilidade de iniciar um processo de impeachment contra um ministro era muito facilitada pela lei em vigência desde 1950. Além disso, o ambiente político polarizado fez com que os pedidos desse tipo se multiplicassem.

FolhaJus

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Tanto Gilmar como Flávio Dino fizeram comentários nesse sentido durante um evento em Brasília na última quinta (4).

Gilmar disse ser "possível e recomendável" que o Congresso vote uma nova lei que trata do tema. Já Dino afirmou esperar que "esse julgamento sirva como estímulo ao Congresso Nacional para legislar sobre o assunto".

O tema chegou ao Supremo em setembro deste ano, por meio de duas ações que pedem mudanças no rito de impeachment de ministros da corte —e que visam dificultar a medida.

As ADPFs (arguição de descumprimento de preceito fundamental) foram apresentadas pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e pelo partido Solidariedade.

Ambas sustentam que as regras para a tramitação de processos contra ministros do STF no Senado, previstas na Lei 1.079/50 (Lei do Impeachment), não deveriam ter sido recepcionadas pela Constituição de 1988.

Senadores ligados ao ex-presidente defendem abertamente o impeachment de Alexandre de Moraes, e manifestam a convicção de que, em 2026, conseguirão eleger parlamentares em número suficiente para retirá-lo do STF.

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