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Tarifas comerciais dos EUA niveladas a 10% para todos são desafio ao Brasil

Exceção é a China, com quem os EUA disputam um cabo de guerra tarifário. A alíquota de imposto de importação já havia sido aumentada para 104%, mas foi ampliada para 125% hoje. México e Canadá não entraram na política de tarifas recíprocas.

Nivelação das taxas pode representar um desafio para o Brasil. Segundo Alberto Carbonar, sócio de Relações Governamentais na Nelson Wilians Advogados, mbora possa estimular a busca por novos mercados e aprimorar a eficiência produtiva, o impacto geral tende a ser negativo, encarecendo as exportações brasileiras e reduzindo a competitividade em setores como manufatura e tecnologia. "A resposta do Brasil, seja por meio de retaliação, negociação ou recurso à OMC (Organização Mundial do Comércio), exigirá uma análise cuidadosa para mitigar os impactos negativos e preservar o crescimento econômico", afirma.

Porém, agronegócio pode se safar, mesmo com tarifas "iguais". Carbonar disse que, no caso da retaliação da China aos produtos americanos, o Brasil pode se beneficiar com o aumento da demanda chinesa pelos produtos agrícolas, fortalecendo a posição como um dos principais fornecedores para o mercado de lá. "Além disso, a busca por novos mercados e a diversificação de produtos podem impulsionar a inovação e a agregação de valor, tornando o agronegócio brasileiro mais resiliente e competitivo a longo prazo", acrescenta.

Brasil tem uma pauta de exportações para os Estados Unidos bastante concentrada em produtos como aço, alumínio, petróleo e alimentos — setores sensíveis a qualquer variação de custo logístico ou tributário. Para Renata Bilhim, advogada tributarista e ex-conselheira do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), a medida até pode parecer neutra, já que o Brasil está entre os países contemplados com essa tarifa básica, o que evita penalizações maiores, como as impostas à China, por exemplo, mas a uniformização das tarifas, ainda que provisória, pode acabar sendo prejudicial para o Brasil a médio e longo prazo, especialmente se ela sinalizar um movimento duradouro de restrição comercial.

Ao adotar essa política tarifária mais agressiva, os EUA pressionam parceiros comerciais a renegociarem termos com foco em benefícios bilaterais. "O Brasil não tem, hoje, um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, então fica em desvantagem nesse processo", diz.

Então eu diria que essa decisão é, sim, um alerta importante para o Brasil. Não estamos no pior cenário possível, mas a sinalização política e econômica que ela traz exige atenção e uma atuação estratégica por parte do governo e das empresas brasileiras
Renata Bilhim, advogada tributarista e ex-conselheira do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais)

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