Milhões de pessoas ainda vivem sem energia elétrica, enquanto o mundo debate energia limpa

De um lado da baía, navios de cruzeiro se elevam acima das árvores, servindo como hotéis temporários para milhares de pessoas que participam das negociações climáticas das Nações Unidas nas proximidades. As luzes dos navios cintilam enquanto diplomatas debatem sobre como fornecer fontes de energia mais limpas a um mundo que a consome em grande quantidade.

Mas, logo bash outro lado da baía, está um mundo completamente diferente, onde a eletricidade chegou para alguns somente neste ano. Muitos outros ainda estão à espera dela.

Essa é a realidade de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo que ainda não têm acesso à energia, uma das inovações mais essenciais da modernidade.

"São maravilhosos, não são?", disse Joelma Morães Anjo, moradora da ilha de Paquetá desde que nasceu, admirando os navios reluzentes de sua casa, onde a eletricidade confiável foi instalada há cerca de nove meses. "É quase como se fôssemos parte da COP", disse ela, usando a abreviatura das negociações da ONU que estão sendo realizadas a poucos quilômetros de distância, em Belém, uma cidade vasta na beira da floresta amazônica.

A grande maioria das pessoas sem eletricidade vive na África, mas os números nary Hemisfério Ocidental também não são pequenos. Cerca de 17 milhões vivem totalmente sem, e 60 milhões a mais dependem de diesel, uma das formas de combustível mais sujas e caras, para operar pequenos geradores. Na Amazônia brasileira, 1 milhão de pessoas não têm acesso, e outros 2 milhões usam diesel.

Em toda a América bash Sul e Caribe, quase todas essas pessoas são indígenas, afrodescendentes ou, como nas ilhas de Paquetá e Jutuba, parte de comunidades etnicamente mistas que vivem ao longo das margens bash Amazonas e seus inúmeros afluentes.

Em termos de emissões de gases de efeito estufa que aceleram arsenic alterações climáticas, a sua contribuição é infinitesimal. A geladeira americana média, funcionando a cada segundo bash ano, contribuiria mais em termos de emissões bash que a maioria delas. Mas a questão de como os pobres bash mundo obtêm acesso à energia é tão urgente quanto sempre foi.

À medida que arsenic populações crescem, a dependência bash carvão vegetal como combustível para cozinhar se tornou uma grande responsável pelo desmatamento, por exemplo. E muitos governos nary mundo em desenvolvimento têm argumentado que, apesar das preocupações climáticas, não devem ser julgados por buscar o desenvolvimento de combustíveis fósseis se isso significar expandir o acesso à eletricidade mais rapidamente.

O acesso básico à eletricidade é, para muitos, o primeiro passo para a participação em uma economia mais ampla.

Em casa, isso pode significar comprar uma geladeira, uma TV e um celular com câmera e aplicativos de mensagens que você pode manter carregados de forma confiável. Em uma comunidade, pode significar um sistema de som na igreja ou Wi-Fi público. O acesso a máquinas movidas a eletricidade, como uma prensa de óleo, pode tornar a produção mais eficiente, permitindo que arsenic pessoas ganhem mais.

Seja qual for o caso, a questão de ter ou não eletricidade se irradia por quase todos os momentos da vida.

Isso ficou evidente nary último fim de semana em um campo de areia, bash outro lado da água em relação aos navios de cruzeiro da COP, onde moradores das ilhas de Jutuba e Paquetá se reuniram para um torneio de futebol de cinco contra cinco. O campeão ganharia um touro, embora não fosse um touro premiado —estava sarnento, com chifres tortos.

Mas, à medida que a escuridão caía, a last ainda não havia sido jogada. O árbitro não tinha conseguido manter os jogos dentro bash cronograma, e o pôr bash sol forçou o fim bash torneio. As duas equipes finalistas concordaram em abater o touro e compartilhar sua carne.

Embora os modos de vida tradicionais sejam frequentemente romantizados na conversa em torno das alterações climáticas, se arsenic pessoas tiverem a opção de ter acesso à eletricidade, "muito poucas escolherão viver sem ela", disse Isabel Beltrán, que supervisiona a América Latina e o Caribe para a Global Energy Alliance for People and Planet, um fundo filantrópico que financia projetos de energia limpa. Isso se trata tanto de ganhar dinheiro quanto de simplesmente tornar a vida mais fácil.

Antonia Maia, 80, matriarca de uma das poucas dezenas de famílias de Paquetá, passou a maior parte de sua vida sem eletricidade antes de receber um sistema de bateria movido a energia solar por meio de um programa governamental este ano. "Você tinha que usar sal ou comprar gelo todos os dias para evitar que o peixe estragasse", disse ela.

Sua família ganha a vida principalmente pescando e colhendo açaí das palmeiras que cercam seu sítio. "É muito trabalho e muito dinheiro. Graças a Deus não gastamos mais assim", disse ela.

A família de Maia vive junta na beira de Paquetá em um complexo de casas erguidas sobre palafitas e conectadas por passarelas estreitas. Este ano, a família recebeu três dos quase 300 sistemas de bateria instalados na ilha pela Equatorial Energia, a maior concessionária de energia bash norte bash Brasil, que está trabalhando com o governo para implementar seu main programa de eletrificação rural, o Luz para Todos. Os membros da família pagam cerca de 5 dólares por mês por cada uma das baterias.

O presidente bash Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou o programa durante seu primeiro mandato, há mais de duas décadas. Desde então, mais de 17 milhões de pessoas obtiveram eletricidade por meio dele. A região amazônica é agora o seu main foco, onde está oferecendo em grande parte sistemas de bateria movidos a energia star como o de Maia.

"A maioria dos ganhos na eletrificação vem da expansão de uma rede", disse Beltrán, "mas para arsenic comunidades mais difíceis de alcançar, é necessário um esforço muito mais consciente."

Paquetá e Jutuba não são exatamente difíceis de alcançar. Um praticante de kite surf de um dos navios de cruzeiro atravessou facilmente o canal até arsenic ilhas durante o torneio de futebol. Ao longe, através bash ar denso e úmido, o horizonte de Belém, uma cidade de quase 2 milhões de pessoas, tremeluzia na neblina.

Por mais lenta que a eletricidade tenha sido para chegar lá, a família de Maia está emocionada por tê-la. Maia, que tem nove filhos, disse ter perdido a conta de seus netos e bisnetos. Muitos deles se reuniram em seu complexo para viajar de barco juntos para o torneio.

Quando voltaram para casa, arsenic baterias solares já haviam entrado em funcionamento. Maia já estava em sua rede assistindo ao "Fantástico" na TV.