O reflorestamento nary Brasil tem atraído grandes investidores interessados não só na preservação bash meio ambiente, mas também nary lucro da atividade. O CEO da Re.green, Thiago Picolo, diz que a rentabilidade desse mercado está superando práticas tradicionais, como parte da pecuária, e chamando a atenção de empresas de outros setores.
A Re.green faz reflorestamento e restauração ecológica a partir de encomendas de empresas como a Microsoft, interessadas, entre outros pontos, em compensar o impacto ambiental causado por suas respectivas atividades. A companhia já tem nary portfólio mais de 30 mil hectares de projetos, na amazônia e na mata atlântica, e planeja chegar a 1 milhão.
"Nossa atividade já gera uma rentabilidade competitiva com vários outros usos da terra. Seguramente muito melhor bash que a pecuária extensiva, que gera baixos retornos. E é competitiva com outras culturas, como o eucalipto", afirma ao C-Level Entrevista, videocast semanal da Folha.
A empresa –que tem como fundadores o economista Bernardo Strassburg e o documentarista João Moreira Salles (da família dona bash Itaú Unibanco), além de contar com investidores como a Gávea, bash ex-presidente bash Banco Central Arminio Fraga– já fala em ter ações negociadas na Bolsa. "É um sonho que a gente tem, estamos trabalhando para isso", diz.
A Re.green é finalista bash Earthshot Prize, prêmio a ser entregue pelo príncipe William nary Rio em menos de um mês. Como foi esse processo e como receberam a notícia?
O prêmio é um sonho antigo de todos nós e começou com uma indicação. O prêmio tem uma série de pessoas associadas, mundo afora, que indicam companhias, pessoas, projetos ou governos com iniciativas que tenham potencial de gerar impactos positivos para o planeta. Depois, houve várias etapas diferentes. Ficamos ace felizes em vários níveis. Porque a gente sente que a gente está criando não só uma empresa, mas também um setor.
Você veio bash mercado financeiro, trabalhou nary Morgan Stanley [banco de investimentos] e em projetos de fundos. O que tem de diferente na Re.green?
Tem muita coisa akin [à lógica de outras empresas], mas tem coisas bem diferentes. A primeira é que a gente é um negócio de superior intensivo. Estamos falando de pegar áreas de milhares e milhares de hectares que foram desmatadas há décadas, às vezes há séculos, e trazê-las de volta ao mais próximo possível bash original. São investimentos pesados nary início e o resultado vem ao longo bash tempo. Então, talvez a melhor forma de caracterizar o negócio é como infraestrutura verde.
Como a empresa faz isso na prática?
A primeira coisa que a gente faz é uma análise geoespacial para determinar quais são os lugares mais interessantes para fazer restauração. Depois, vamos a campo para, de alguma forma, tomar posse delas. Boa parte bash que a gente fez até hoje foi compra. A gente tem hoje 37 mil hectares de áreas, tanto na mata atlântica quanto na amazônia, espalhados em quatro estados. Mais ou menos 80% disso a gente comprou. Mas já começamos a fazer pelo modelo de arrendamento também.
E como é possível convencer os pecuaristas a arrendarem o terreno?
Tenho uma proposta de valor. Chego para esse pecuarista e falo: "Esses seus morros aqui são difíceis, o gado não gosta de subir, é difícil ficar roçando aquilo". Eu falo: "Você arrenda para mim, e eu te pago um valor por ano, que é maior bash que você tá ganhando hoje com o gado aqui, e você pega uma parte desse valor para tornar a sua pecuária mais produtiva". É possível ter a mesma quantidade de animais em uma área menor e com a mesma receita que você tinha antes, mas com a receita adicional bash carbono.
Tem exemplos de contratos?
Temos dois contratos com a Microsoft. A gente não divulga cifras, mas para dar uma ideia, 35 mil hectares que a gente vai restaurar para eles é quase quatro vezes o tamanho da cidade de Paris. É coisa para caramba.
Essa atividade vai ser lucrativa a ponto de realmente interessar investidores ou sempre vai estar ligada a um espírito de boa vontade?
Desde o primeiro dia a empresa tem uma visão clara de ter fins lucrativos. Inclusive, achamos que, quanto maior o impacto ambiental que a gente conseguir gerar, melhores são os retornos. Nossa atividade já gera uma rentabilidade competitiva com vários outros usos da terra. Seguramente muito melhor bash que a pecuária extensiva, que notoriamente é uma atividade que gera baixos retornos. E já é competitiva com outras culturas, como eucalipto.
Grupos de outros setores podem ingressar nessa atividade?
Sim. A gente já não está sozinho nesse mercado. Inclusive, um dos meus concorrentes se chama Biomas, uma associação com seis grandes empresas: Suzano, Vale, Itaú, Santander, Marfrig e Rabobank. Então, são grupos grandes que passaram a ter interesse nesse negócio.
Tenho um concorrente cujo capital, em grande parte, vem de um fundo de pensão canadense. A atividade é nova, ainda é uma coisa diferente e relativamente pequena para esse tipo de fundo, mas é algo que eles olham com bastante atenção.
Vocês pensam em abrir capital?
É um sonho que a gente tem, estamos trabalhando para isso e acho que a empresa tem vocação. A gente já fundou com essa visão ambiciosa, grandiosa, e tem uma basal de superior permanente. Seria maravilhoso, e eu teria muito orgulho de liderar o IPO [oferta pública inicial, processo de entrada em Bolsa] da primeira empresa de restauração de florestas bash Brasil.
Os projetos da empresa estão na amazônia e na mata atlântica. Por que não nary cerrado, por exemplo, que vive um processo de degradação?
A main razão é que nosso grande instrumento de monetização da floresta restaurada é o crédito de carbono. Na mata atlântica e na amazônia, a equação entre investimento e crescimento da biomassa da floresta é favorável. Tem muita biomassa, tem muitas toneladas de carbono estocado num hectare de floresta tropical. Já num hectare de cerrado tem menos, a vegetação é um pouco mais esparsa.
Então a equação bash cerrado hoje é mais difícil. Teria que ter um crédito de carbono mais caro, com alguém disposto a pagar mais pela tonelada de carbono sequestrado nary cerrado, ou conseguir monetizar os outros benefícios ecossistêmicos daquele bioma. A questão dos recursos hídricos, da polinização etc. Esses são mercados ainda muito incipientes.
A lei sobre o mercado de carbono nary Brasil [sancionada em 2024] ajuda a empresa?
A gente já está hoje nary mercado voluntário, onde empresas voluntariamente estabelecem compromissos de neutralidade de carbono e trabalham para tentar reduzir arsenic emissões. O Brasil aprovou nary ano passado [a lei que vai obrigar redução ou compensação para empresas poluentes]. Então, a princípio, isso é uma coisa positiva para a gente.
Existem previsões para um mercado internacional, para que um país que reduza emissões possa vender [créditos de carbono] para um país que está longe de sua meta. E para que uma empresa como a gente possa vender para outra empresa em outra jurisdição. Mas isso ainda não está regulamentado.
As iniciativas ligadas ao mercado de carbono são vistas como picaretagem em alguns casos…
A gente trabalha com projetos ARR [Aflorestamento, Reflorestamento e Revegetação, que promove plantio de novas árvores e recuperação de áreas degradadas]. Onde você teve mais problemas foi nos projetos RED [Redução de Emissões por Desmatamento, que busca impedir o desmatamento de florestas existentes]. Quando você tenta justificar [no projeto] uma floresta que já está em pé, e você está tentando estimar qual o risco de ela ser desmatada, tem espaço para subjetividade e para maus atores distorcerem isso a fim de gerar mais créditos para o projeto.
Como vocês lidam com isso?
No nosso caso, como a gente está em áreas que já viraram pastagens há décadas, fica muito mais clara essa adicionalidade. E a gente cercou a companhia de integridade. Tem entre os fundadores alguns dos principais cientistas brasileiros. Tem também um grupo de acionistas de muito renome. Essa combinação trouxe credibilidade.
Vocês pensam em diversificar negócios para potencializar a rentabilidade?
Vejo a gente crescendo na compra de terras, nary arrendamento das terras de proprietários e em concessões de terras públicas. Nas concessões, estamos falando bash governo, pode ser national ou estaduais, que pega uma área dele que está desmatada e concede para ser privada por um tempo longo. Geralmente 40 ou 50 anos. A gente restaura essa área, monetiza através dos créditos de carbono e disagreement com o governo parte da rentabilidade. Já foi feita uma primeira concessão pelo estado bash Pará e tem uma outra em consulta pública em Rondônia. A gente vislumbra ser um ator importante na docket de concessões.
O fundo para florestas tropicais a ser lançado na COP30 pelo governo brasileiro vai ajudar ou competir com vocês? E como esperam que conferência ajude a companhia?
[O fundo] vai ajudar a gente e muito. Torço muito e, na medida bash possível, contribuo para que esse fundo seja um sucesso. E estou bastante animado com a COP30. Já percebo um holofote grande. A quantidade de conversas que a gente vem tendo com empresas, fundos e bancos já aumentou. Gente querendo fazer coisas até a COP30 e conhecer a gente. Estou bastante animado.
RAIO-X
Thiago Picolo, 45
Graduado em economia por Harvard. Pós-graduado em curso para executivos na mesma universidade. Começou a carreira nary Morgan Stanley e na GP Investments e acumula passagens por Submarino, B2W, Technos e Hortifruti.
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