Quando é detectado algum objeto estranho na pista (também chamados de FOD, ou, Foreign Object Debris), equipes de manutenção dos aeroportos vão até o local para removê-lo de lá. Esses materiais, caso sejam ingeridos pelo motor do avião, podem causar falhas sérias, levando a acidentes.
Ainda, essas equipes podem ter de entrar na pista para verificar a presença de buracos ou se a camada de borracha dos pneus sobre o asfalto está muito espessa. Tudo isso, sempre em coordenação com a torre de controle.
Como ingressar na pista?
Em linhas gerais, todo veículo que for entrar em uma pista, seja de taxiamento ou de pouso e decolagem, precisa de autorização da torre de controle antes do ingresso. Tanto os aviões quanto os carros precisam dessa liberação que deve ser feita expressamente, segundo Aroldo Soares, controlador de voo aposentado e mestre em segurança de voo.
"Há uma fraseologia padrão para quando será feito o ingresso na pista. Os controladores devem dizer 'Autorizado ingresso na pista tal, por meio da taxyway tal'. Apenas após essa autorização expressa é que o veículo ou a aeronave podem se posicionar naquele local em segurança", diz Soares.
O especialista ainda explica que, quando há um carro presente no local, aquela pista se torna impraticável, ou seja, não pode ser usada para operações. Ainda, apenas após uma autorização expressa é que a aeronave pode decolar, mesmo tendo sido autorizada a ingressar na pista, diminuindo a chance de acidentes.
Frequências de rádio
Um aeroporto costuma ter três frequências de rádio, no geral, para coordenar as suas atividades. São elas:
- Autorização (clearance): usada para autorizar o plano de voo do avião, ou seja, como será feito o voo, incluindo rotas, altitudes etc;
- Controle de solo: após a autorização, é por meio dessa frequência que os pilotos e a torre coordenam a movimentação desde o pátio até o ponto de espera para ingresso na pista, incluindo os locais por onde seguir, coordenação com outras aeronaves e veículos, entre outras questões;
- Torre de controle: após o avião chegar ao ponto de espera para ingressar na pista, deve acionar a frequência da torre de controle para ter autorização para prosseguir e, se for o caso, iniciar a decolagem.
É a torre quem monitora e coordena os tráfegos no local, incluindo quem pode ou não estar na pista.
Sistema de alertas em solo
Devido ao volume e a complexidade crescentes do tráfego aéreo, alguns aeroportos mundo afora possuem sistemas de vigilância e alerta de superfície, para a detecção automática de situações de risco iminente.
Esse é um sistema que não é visto com tanta frequência no Brasil, em função de nossas condições atmosféricas, tipicamente mais favoráveis do que em outras regiões onde o clima pode contribuir para diminuição da visibilidade, por exemplo, mas tem o potencial de agregar segurança às operações, segundo Sergio Martins, ex-controlador de voo e especialista em gerenciamento de tráfego aéreo.
"Com o aumento na pressão por mais voos e a saturação da operação nos aeroportos de maior movimento, em seus horários de pico, a operação torna-se mais exposta a eventos como a 'incursão em pista', que ocorre quando, uma aeronave ou veículo ingressa na pista, sem autorização da torre de controle", afirma Martins.
O especialista reitera que os sistemas de vigilância de superfície não substituem a ação dos controladores, pois são ferramentas que agregam uma camada adicional de redundância à segurança da operação, tendo em vista as inerentes limitações humanas dos controladores, em ambientes operacionais de maior complexidade.
"A introdução destas ferramentas aumentam a capacidade de predição e detecção de risco iminente, dos serviços de controle de tráfego aéreo, fornecendo aos controladores recursos de previsão automática de incidentes. Os sistemas de vigilância de superfície reduzem a possibilidade de ocorrência de incidentes não previamente detectados, em função do volume de tráfego e da complexidade da infraestrutura do aeroporto, tendo em vista as limitações humanas naturais do monitoramento visual dos controladores", diz Martins.
Posicionamentos
Veja a íntegra da nota da Gol sobre o ocorrido:
"A GOL informa que, na noite desta terça-feira (11), a aeronave designada para o voo G3 1674 (Rio de Janeiro - Fortaleza) colidiu com uma viatura da administradora do Aeroporto RIOgaleão, que se encontrava na pista durante o procedimento de decolagem. A decolagem foi interrompida e todos os passageiros e tripulantes desembarcaram em segurança. Um voo extra para Fortaleza foi disponibilizado para quem optou por seguir viagem. Aqueles que decidiram permanecer no Rio de Janeiro receberam toda assistência para acomodação, transporte e alimentação.
Tripulação e equipe seguiram os procedimentos e agiram rapidamente para garantir a segurança dos passageiros. A empresa informa, ainda, que o incidente não afetará outros voos.
A GOL reforça que a Segurança é o seu valor número 1 e está à disposição para colaborar integralmente com o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) nas investigações do ocorrido."
Veja a íntegra da nota do RIOgaleão, que administra o aeroporto:
"O RIOgaleão informa que, na noite de ontem, terça-feira (11/02), por volta das 22h, ocorreu um incidente sem vítimas envolvendo um veículo de manutenção e uma aeronave em uma das pistas do aeroporto. Não houve feridos e todos os passageiros desembarcaram em segurança.
O aeroporto segue operando normalmente para pousos e decolagens, sem impactos nas operações.
A Concessionária reforça seu compromisso com a Segurança Operacional e segue em colaboração com o CENIPA, órgão que está conduzindo as investigações."
Veja o posicionamento da FAB:
"A Força Aérea Brasileira (FAB) informa uma ocorrência na corrida de decolagem, nesta terça-feira (11/02), envolvendo uma aeronave da companhia Gol e uma viatura da Administradora do Aeroporto Internacional do Galeão - RIOgaleão, no Rio de Janeiro (RJ).
A FAB ressalta que a pista do aeródromo foi entregue para descontaminação após análises técnicas realizadas pelos Investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) e do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA III). A Ação Inicial envolvendo o Boeing 737-8 MAX da Gol Linhas Aéreas, de matrícula PS-GPP, no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim - Galeão, no Rio de Janeiro (RJ), encontra-se em andamento.
Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação.
A conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes."
* A reportagem foi atualizada às 15h10 para inserir o posicionamento da Força Aérea Brasileira
Reportagem
Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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10 meses atrás
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