Vale Tudo: 10 coisas que você precisa saber antes da estreia

Não perca nenhum detalhe de Vale Tudo, a nova novela da Rede Globo.

O enredo principal é focado na relação entre Raquel (Araujo) e sua filha Maria de Fátima (Campos). Duas mulheres que vivem em Foz do Iguaçu, no Paraná, cujas origens e personalidades são bastante distintas. Raquel teve um passado humilde, por isso trabalha com determinação e honestidade como guia turística para dar um futuro melhor para Fátima. Entretanto, a jovem nutre uma ambição pelo dinheiro e sucesso fora do comum.

Após a morte do avô, Fátima vende a casa onde vivia com a família e viaja para o Rio de Janeiro com o dinheiro. Pensando que a filha foi vítima de um golpe, Raquel vai atrás da jovem. Ao chegar no bairro de Vila Isabel, a protagonista se apaixona por Ivan (Góes), um homem igualmente trabalhador, mas que também tem suas ambições desmedidas. Por meio dele conhecemos diversos outros personagens icônicos da trama, como a milionária Odete Roitman (Débora Bloch), uma mulher arrogante e preconceituosa que é patroa de Ivan.

Além do trio de personagens principais, os demais nomes do elenco são Débora Bloch (Mar do Sertão), Cauã Reymond (Avenida Brasil) no papel de César, Paolla Oliveira (O Profeta) na pele de Heleninha, Alexandre Nero (Império) interpretando Marco Aurélio, Humberto Carrão (Renascer) dando vida à Afonso Roitman, Alice Wegmann (Senna) sendo Solange Duprat, Karine Teles (Bacurau) como Aldeíde e Julio Andrade (Sob Pressão) no papel de Rubinho.

A adaptação da novela ficou nas mãos de Manuela Dias (Amor de Mãe) com colaboração de Aline Maia, Luciana Pessanha, Sérgio Marques, Claudia Gomes, Márcio Haiduck e Pedro Barros. A direção por conta de Paulo Silvestrini (Vai na Fé).

Vale Tudo se destacou na teledramaturgia brasileira por ilustrar dilemas e problemáticas de cunho sociais vividas por diferentes grupos, desde preconceito de classe até corrupção. Devido ao grande espaço de tempo entre a produção original e o remake, essa característica da novela ganhará contornos mais modernos e em consonância com questões atuais não só de cunho econômico, como também de gênero e raça.

Um exemplo é a inclusão das atrizes Taís Araújo, que é negra, e Bella Campos, parda, como protagonistas da trama, antes interpretadas pelas atrizes brancas Regina Duarte (Por Amor) e Glória Pires (Terra e Paixão). Mesma alteração aconteceu com Consuelo, a secretária antes interpretada por Rosane Gofman (Tieta) e que agora está nas mãos de Belize Pombal (Justiça).

Ainda falando de Consuelo, na nova versão ela será esposa de Jarbas, que agora é interpretado por Leandro Firmino (Cidade de Deus). Na novela original, os dois eram irmãos, sendo o personagem interpretado por Stepan Nercessian (Os Penetras). Os filhos do casal, que na primeira versão eram sobrinhos, hoje são interpretados por André (Breno Ferreira) e Daniela (Jéssica Marques).

As motivações e características pessoais de alguns personagens foram trocados. Maria de Fátima agora quer ser influencer digital, e não modelo, como era no folhetim de 1988. O mordomo Eugênio, interpretado hoje por Luís Salém (Aquele Beijo), tem um grande interesse por moda e requinte. Na versão do ator Sérgio Mamberti (Castelo Rá-Tim-Bum), seu personagem era cinéfilo.

A sexualidade dos personagens é um ponto de destaque na trama. Cecília, uma dona de pousada assumidamente lésbica, não terá um fim trágico como na versão de 1988 (onde era interpretada por Lala Deheinzelin). Com Maeve Jinkings (DNA do Crime) assumindo seu papel, ela terá um final satisfatório e com mais foco no seu relacionamento com Laís (Lorena Lima atualmente, Cristina Prochaska no original).

Matheus Nachtergaele (O Auto da Compadecida) dará uma nova vida a um dos personagens mais carismáticos da novela: Audálio Candeias, mais conhecido como "Poliana". Seu apelido é uma referência ao livro Pollyanna, escrito por Eleanor H. Porter, que trata de uma jovem extremamente otimista até nas horas mais difíceis. Na versão de Nachtergaele, o personagem será assexual, sexualidade diferente da época do ator Pedro Paulo Rangel (O Cravo e a Rosa).

Atuante na Globo há 30 anos, a autora Manuela Dias coleciona alguns sucessos na emissora, como a novela Amor de Mãe e a série antológica Justiça, ambas indicadas ao Emmy Internacional nas categorias de Melhor Novela e Melhor Minissérie. Com a responsabilidade de transpor a novela Vale Tudo para uma realidade onde os conflitos de gênero, raça e classe estão em constante transformação, a autora sentiu que era hora de mudar nas estruturas narrativas da obra.

"Os personagens serão os mesmos, mas adaptados para o tempo atual. [...] Nossa expectativa é criar conexões com o público. Não acordo e digo: 'hoje eu vou frustrar as pessoas'. Pelo contrário. Vamos servir esses personagens ao público." afirmou Dias em entrevista ao Estadão. De acordo com a autora, foi preciso oferecer maior profundidade na criação dos personagens para que eles não parecessem unilaterais e superficiais.

O papel que antes foi da consagrada Glória Pires agora pertence à Bella Campos, que começou recentemente sua carreira na teledramaturgia com outro remake. Em 2022, Bella esteve no elenco da novela Pantanal, interpretando a personagem Ruth de Lourdes, a Muda. Por conta do papel, ela venceu a categoria de Melhor Atriz Coadjuvante no prêmio Melhores do Ano, exibido no Domingão do Huck.

A nova personagem da atriz cuiabana de 27 anos é uma jovem ambiciosa e que está predestinada a fazer de tudo para conseguir o que deseja. Um de seus principais objetivos nesse ponto é se casar com Afonso Roitman, herdeiro da grande vilã da novela. Por outro lado, a nova versão da personagem dialoga com a ascensão das blogueiras e influencers, uma vez que Fátima quer fazer sucesso no meio digital, ao invés de ser modelo, como era na produção original.

Bella também se destacou com a personagem Jeni na novela das sete Vai na Fé. Além de Vale Tudo, a atriz também inicia nesse ano sua carreira no cinema com o drama Cinco Tipos de Medo, dirigido por Bruno Bini. Em fase de produção, o longa conta a história real do traficante Flávio Castro de Lima, o Sapinho, considerado um "justiceiro" para a população de Cuiabá nos anos 2000.

A veterana Taís Araújo ficou encarregada de ser a nova Raquel de Vale Tudo, papel que antes era da atriz Regina Duarte. De acordo com Manuela Dias em entrevista ao Estadão, Raquel sempre foi preta, mas, segundo a autora, "em 1988, tínhamos muitos véus na questão do racismo e do machismo". Vale lembrar que Taís interpretou a primeira "Helena" negra em uma novela de Manoel Carlos, fato ocorrido em Viver a Vida (2009).

Ambas as interpretações mostram Raquel como uma mulher trabalhadora e honesta, mas que sofre com os problemas de caráter da filha. Para vencer na vida após morar no Rio de Janeiro, ela abandona o emprego como guia turística e vai vender sanduíches naturais na praia.

Sua carreira na TV começou em 1995. Já em 1996, com a novela Xica da Silva, Taís Araújo se tornou a terceira mulher negra a protagonizar uma telenovela no Brasil. Sua primeira atuação na Rede Globo foi com a novela Anjo Mal, em 1997. Hoje a atriz mantém um currículo extenso com dezenas de novelas, séries, minisséries e filmes, a exemplo de Aruanas (2019) e O Auto da Compadecida 2 (2024).

Considerada uma das maiores vilãs da teledramaturgia nacional, Odete Roitman teve sua morte investigada por todo o Brasil quando foi assassinada misteriosamente. A pergunta "Quem Matou Odete Roitman?" se tornou um ícone na teledramaturgia quando Beatriz Segall (O Clone) interpretou a personagem pela primeira vez. Hoje, o papel está nas mãos de Débora Bloch.

A antagonista é um dos pontos da novela a denunciar a corrupção e o preconceito que ainda existe no país. A magnata é dona de um império multinacional e de uma fortuna que só aumentaram após a morte do marido. Preconceituosa e autoritária, Odete comanda com mãos de ferro a vida de seus filhos Heleninha e Afonso e até mesmo seus funcionários, como é o caso de Ivan.

Débora Bloch já tem uma carreira extensa na TV e cinema, sendo lembrada até hoje pelo filme Bete Balanço (1984) e a série Armação Ilimitada (1985), como também por obras mais recentes, como o seriado Segunda Chamada (2019) e a novela No Rancho Fundo (2024).

Conhecida por papéis em novelas como Laços de Família (2001) e Senhora do Destino (2004), Carolina Dieckmann interpreta em Vale Tudo a ambiciosa Leila, papel que antes foi de Cássia Kis Magro. A personagem é vista como uma mulher pouco ligada em trabalho e que gosta da mordomia e luxos, mas que mesmo assim se casou com Ivan, um homem obstinado e que não possui grandes posses. Juntos os dois tiveram um filho chamado Bruno (Miguel Mouro).

Em entrevista à Folha de São Paulo, Carolina confessou que na verdade gostaria de ter ficado com o papel de Raquel, pois carregava a adoração pela personagem na memória. Mesmo com a escolha da direção, a atriz elogiou a escolha de interpretar Leila devido ao caráter de mistério que a antagonista possui. Atualmente, 37 anos após o lançamento da versão original, sabe-se que Leila foi a responsável pela morte de Odete Roitman. Porém, esse desfecho não será o mesmo do remake.

Em destaque na teledramaturgia nacional com as novelas Império (2014) e Nos Tempos do Imperador (2021), Alexandre Nero será Marco Aurélio em Vale Tudo. O personagem é mais um antagonista da trama, um homem inescrupuloso, corrupto e pouco confiável em diferentes aspectos. Marco é sócio de Odete Roitman e casado com a filha dela, a artista plástica Heleninha. Ele se aproveita da alta posição que possui para tirar proveito financeiro de ambas.

Posteriormente, Marco Aurélio acaba se envolvendo com Leila, protagonizando um romance cheio de controvérsias. Na versão original de Vale Tudo, o personagem foi interpretado por Reginaldo Faria (O Clone). No capítulo final da novela, Marco Aurélio fugia de avião do Brasil dando uma "banana" para o Brasil. O ato ficou emblemático na teledramaturgia nacional, não só pelo caráter tragicômico como também pelas críticas que o folhetim sofreu por conta da cena.

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